Tatuapé exuberante
Agremiação da zona leste cantou uma África diferente, em desfile que exaltou continente festeiro
A Acadêmicos do Tatuapé cantou uma África feliz e festeira, levantando o público do Anhembi no primeiro dia de desfiles do Carnaval pau- listano. A escola da zona leste, que levou o vice-campeonato no ano passado, trouxe um samba-enredo executado com perfeição e muita alegria.
Para se diferenciar dos enredos que já trataram da África, a Tatuapé se inspirou na filosofia ubuntu, que prega a compaixão e o amor.
A escola arriscou e teve a sorte de fazer um desfile a seco —sem chuva. A palha presente em quase todas as fantasias e carros alegóricos certamente perderia a beleza caso estivesse molhada.
O carnavalesco Flávio Campello iniciou o desfile destacando o solo africano, onde os primeiros registros de vida foram encontrados.
Madrinha da escola, a sambista Lecy Brandão veio à frente do abre-alas, onde estava sua mãe, Dona Lecy.
A segunda alegoria trouxe bailarinos fazendo coreografias de danças africanas. Alas destacaram a influência africana na cultura brasileira, notadas em ritmos como a congada e o maracatu.
O samba também foi um dos destaques da escola. Ele envolveu os integrantes da agremiação, que cantaram cada verso com vibração.
Nas paradinhas da bateria, bastante afinada, o público também cantou em coro o refrão: “É de arerê/ Ilê, ijexá/ Essa kizomba de um povo feliz/ Eu sou a África / Derramo meu axé/ Canta Tatuapé”.
Mesmo modesto em sua análise, o presidente Eduar- do dos Santos não escondeu a emoção e afirmou que o objetivo inicial foi cumprido. “Queríamos fazer o melhor desfile da nossa história, e fizemos. Na terça-feira, é avaliação do jurado. Uma pena que caiu, qualquer coisa, pode tirar pontos”, disse.
“Não foi uma África chorosa. Mostramos um povo feliz”, completou Santos.