Pistas têm velocidade de rodovia sem estrutura, dizem especialistas
Eles registraram 36 dos 78 acidentes que aconteceram entre 2014 e 2016, segundo dados da CET
Especialistas em trânsito afirmam que as marginais têm velocidade máxima de rodovia sem oferecer a mesma estrutura para evitar acidentes fatais. Entradas e saídas constantes e a vontade de acelerar dos motoristas são os fatores de risco nos pontos críticos citados pela reportagem, segundo eles.
O especialista em engenharia dos transportes Horácio Augusto Figueira diz que, por ter quatro faixas ou mais por sentido, as marginais deveria contar com acostamento. “Se furar o pneu a 90 km/h, teria para onde desviar o carro. A gente diminui a capacidade da via em volume de tráfego, mas teria alguma garantia. A prioridade não é salvar vidas?”.
Sérgio Ejzenberg, também especialista em trânsito, afirma que é preciso estudar o que faz com que os cinco locais sejam os mais críticos e implementar mudanças. “Você pode mudar isso com fiscalização, iluminação e correção de geometria.”
Cinco trechos concentraram grande parte dos acidentes com morte nas marginais Tietê e Pinheiros entre 2014 e 2016. Em comum, eles contam com o fato de terem trânsito confuso e serem pontos onde o motorista consegue, com mais frequência que em outro pontos, pisar fundo no acelerador. De 78 acidentes com mortos registrados nas marginais entre 2014 e 2016, 36 foram nesses cinco pontos (veja quadro ao lado).
Os números fazem parte dos relatórios operacionais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e foram obtidos pela reportagem via Lei de Acesso à Informação. Por serem anotados por agentes no momento do fato, é possível que tenham ocorrido mais mortos (morreram depois de atendidos).
O trecho entre as pontes do Tatuapé e Aricanduva, em ambas as margens do rio, teve 12 dos 43 acidentes fatais registrados na marginal Tietê durante os três anos. Isso equivale a 28% do total, ou 3 em cada 10 casos, embora a extensão entre essas pontes represente apenas 13% de toda a marginal.
Sobre o motivo de tantos acidentes fatais no local, um marronzinho ouvido pelo Agora creditou à alta velocidade. “É só ficar ocioso [sem congestionamento] que os caras passam correndo demais. É só olhar”, afirma.
Além desse trecho, chama a atenção também a região da Vila Anastácio e proximidades da ponte Attillio Fontana, com muitas entradas e saídas para quem chega ou vai para a rodovia Anhanguera. Foram sete casos nessa área.
Na marginal Pinheiros, em direção a Interlagos, houve cinco casos na região da ponte João Dias e proximidades, entre 13 relatados. No sentido contrário, em direção à Castelo Branco, são seis casos entre as pontes Estaiada e Ary Torres (veja quadro ao lado).
As pistas que contornam o centro expandido tiveram mais acidentes fatais do que as que ficam do outro lado das pontes, representando 59% do total, 6 em cada 10.