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Garoto recebe marcação dura

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A qualidade técnica de Fabinho já fez com que o pai, Marcos Paulo de Freitas, de 39 anos, e a mãe, Fernanda Mondoni de Freitas, 36, vivessem situações inusitadas ao verem os jogos do filho.

“Sempre tem alguém pedindo para quebrá-lo, para bater nele”, diverte-se Marcos, ao relembrar. “Em alguns jogos, contra o Corinthian­s mesmo, dois meninos vinham marcá-lo.”

Fabinho não larga a bola por nada. Mesmo quando está em casa, ela é a sua principal companheir­a.

“Gosta de jogar videogame e está sempre com a bola no pé”, conta o pai Marcos Paulo, que trabalha em uma loja de autopeças.

Além dos pais, ele mora com o irmão Enzo Mondoni de Freitas, de 7 anos.

Kaká e Caio Ribeiro

Futebol à parte, a família cobra de Fabinho os estudos. Além de frequentar as aulas em uma das melhores escolas do bairro Anália Franco, o menino também faz inglês.

Para o empresário César Sole, da CSR Sports, a formação de Fabinho é parecida com a de Kaká e Caio Ribeiro, dois exemplos de jovens que vieram de famílias com uma boa condição financeira.

“É um moleque diferente. A pressão sobre ele é menor porque não é um menino que precisa vencer a qualquer custo no esporte. O futebol está na veia e no amor”, explica o agente.

Mesmo com outros clubes assediando Fabinho, o Palmeiras não teme perder sua joia. É o que diz o coordenado­r geral da base do clube, João Paulo Sampaio.

“Até 14 anos, o garoto só tem vínculo federativo. O que regula o mercado é o acordo de cavalheiro­s na base, que tem um movimento já há uns quatro anos. Como a lei não protege, os próprios clubes se protegem”, conta.

“Faz uns quatro anos que ninguém é roubado. Se alguém quer, tem que ter algum negócio”, acrescenta.

“O acordo funciona na ética e na palavra. Mas o clube que não cumpre sofre um boicote para não jogar campeonato­s”, explica Sampaio.

Já a Fifa proíbe transferên- cia de menores de 18 anos, mas com algumas exceções.

Uma delas é a de que o menino pode se transferir para um clube de outro país, desde que seja para acompanhar os pais, quando estes precisarem mudar por motivos alheios ao futebol.

Para tentar burlar a regra, clubes oferecem estadia e emprego aos pais dos jovens.

Recentemen­te, o Barcelona convidou Emanuel Ferreira, o Manu, de 10 anos, da base do Grêmio, para treinar em seu CT. O garoto não voltou mais. Seu pai, que era segurança do clube gaúcho, pediu demissão.

“Basta comprovar que houve assédio para levá-los, que o Barça sofrerá punições”, finalizou Sampaio.

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Robson Ventura - 14.mar.17/Folhapress Fabinho conduz a bola com habilidade; nos jogos, a torcida adversária grita para o pararem com faltas

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