Prefeitura quer ceder para TV os estúdios da Vera Cruz
Proposta de São Bernardo do Campo é reativar espaço e ter parceiros para preservar acervo
O complexo de estúdios da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que teve sua fase áurea nos anos 1950, colocando em evidência atores como Paulo Autran (19222007) e Tônia Carrero, pode ser reativado. A Prefeitura de São Bernardo do Campo (ABC) busca parceiros na iniciativa privada para essa retomada.
“Temos falado com emissoras de TV para ver se alguma tem interesse em gravar ali suas produções”, afirma o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).
Há anos o estúdio padece com a falta de rumo (leia texto). O que se vê hoje são itens históricos, como figurinos e cópias antigas de filmes (originais estão na Cinemateca), empoeirados, guardados em local inadequado, sem refrigeração. Quadros e cartazes originais dos filmes estão expostos na Pinacoteca da cidade, segundo Morando, que busca parceiros para preservar esse acervo.
Segundo o gestor cultural e publicitário Sergio de Oliveira, que trabalhou no resgate do acervo, ali estão, por exemplo, roupas de “O Cangaceiro” (1953), premiado em Cannes. Na era de ouro da Vera Cruz (1949-1954), foram produzidos 18 filmes, entre eles “Caiçara” (1950) e “Sai da Frente” (1952), que lançou nas telonas Amácio Mazzaropi (1912-1981).
“A Vera Cruz produziu dois tipos de filmes, com temáticas totalmente brasileiras: o caipira e o cangaço. Não tentava imitar Hollywood”, diz Sérgio Martinelli, autor de “Vera Cruz: Imagens e História do Cinema Brasileiro”.
“A empresa gastou fortuna importando equipamentos e técnicos, fez empréstimos e faliu em 1954”, diz Glaucia Davino, professora de linguagem audiovisual do Mackenzie. Os estúdios ainda foram utilizados em filmes como “Carandiru” (2003) e “Lula, o Filho do Brasil” (2009).