Pagar em dinheiro dá 10% de desconto em restaurantes
Lojas e bares também aderiram à prática; medida era comum, mas só foi legalizada no final de 2016
A prática do desconto no pagamento em dinheiro não é nova, mas, até pouco tempo, era proibida por lei. No final do ano passado, o governo publicou uma medida provisória autorizando a diferenciação dos preços conforme o meio de pagamento. Aos poucos, mais comércios passam a oferecer a vantagem para seus clientes.
Regina Alves de Godoy é dona de uma pizzaria na Bela Vista (região central). Há alguns meses, ela passou a oferecer um desconto de 10% para o cliente que fizer o pagamento em dinheiro.
A vantagem, segundo a proprietária, é a de receber a grana mais rápido e escapar das taxas cobradas pelas operadores de cartão. Quando vende no crédito, ela tem que esperar 30 dias pelo pagamento. No cartão de débito, a grana chega no dia seguinte. “Para nós, o ideal é vender em dinheiro, mas não é todo mundo que anda com dinheiro no bolso; 95% dos pagamentos ainda é feito no cartão”, afirma.
Na loja de roupas de Iraci Suzart Ito, em Pinheiros (zona oeste), o desconto, que chega a 10% dependendo da peça, estimulou os clientes a pagarem em dinheiro e ajudou a proprietária a ter mais fluxo de caixa. “Adotamos a prática definitivamente. O cliente se empolga, paga à vista, e nós temos mais dinheiro circulando”, diz.
“Era uma prática que precisava ser regulamentada há muito tempo”, avalia o assessor econômico da FecomercioSP, Altamiro Carvalho. “Essa negociação já ocorria, mas não era totalmente disseminada, pois poderia causar um problema na Justiça.”
O lojista Aldo Nunez Macri aprovou a iniciativa. Dono de loja de artigos militares na Luz (região central), ele diz que as vendas em dinheiro saltaram de 5% para 15%. “Quando a compra é maior, o desconto de 5% é grande e o cliente aproveita.”
Porém, a prática deve ficar restrita aos comércios menores. “Grandes redes não devem adotar esses descontos”, avalia o economista da Associação Comercial de SP, Emílio Alfieri.