Com a cara do Timão
Cria da base, Jô é o grande símbolo da iminente primeira conquista corintiana jogando em Itaquera
Quando pisar no gramado do Fielzão esta tarde, Jô vai viver um dos momentos mais especiais de sua carreira, aos 30 anos. Era exatamente no local onde Corinthians e Ponte Preta vão disputar a final do Paulistão que o então garoto, de 16 anos, treinava até 2003, antes de ser promovido ao elenco profissional da equipe alvinegra.
O lateral Fagner, outro titular de Carille, o meia Willian, hoje no Chelsea, e o zagueiro Marquinhos, do PSG, são, ao lado de Jô, algumas das joias que o Timão lapidou nos campos de Itaquera antes de destinar a área à construção de sua arena.
É especial, portanto, que seja Jô o símbolo da iminente conquista corintiana em seu reduto, justamente a primeira do clube no Fielzão, inaugurado em 2014.
“É maravilhoso para mim o fato de eu ter visto tudo isso crescer, ter participado desde o começo”, afirmou, em entrevista ao Agora. “É muito bacana poder usufruir de tudo isso, eu me sinto lisonjeado, muito feliz. Fazer o centésimo jogo da arena e em uma final, imagina, é para entrar para a história”, exaltou o atacante.
Jô já está na história. Até hoje, ele é o jogador mais jovem a ter defendido o clube. Estreou com 16 anos e 111 dias. Também carrega em seu currículo as conquistas do Paulista de 2003 e do Brasileirão de 2005, pelo alvinegro.
O título deste ano, porém, terá um significado diferente para ele. Afinal, o artilheiro voltou desacreditado ao Parque São Jorge, no fim de 2016, e hoje já se imagina sendo o herói da conquista. “Imagina: no centésimo jogo do Corinthians na arena e você conseguir ser campeão, fazer um gol, sei lá... É muita coisa que serve de motivação”, comentou o artilheiro corintiano, nesta entrevista. Agora Acredita que já afastou aquela desconfiança que havia sobre você? Jô Eu acho que a gente nunca pode se acomodar com o momento. O meu momento, com certeza, é bem melhor do que quando eu cheguei aqui. Nas minhas primeiras partidas este ano, eu pedia um pouco de paciência à torcida para que as coisas começassem a dar certo. Até agora, acho que fiz um campeonato bom. Agora Qual o significado de chegar a essa final? Jô Por estar de volta ao Corinthians depois de tanto tempo fora, e já no primeiro campeonato que a gente disputa poder ser campeão, acho que vai ser espetacular. Agora O seu pai é muito exigente com você. O que ele disse antes da final? Jô Meu pai está muito ansioso, é mais uma final que ele vai ver o filho dele disputando. A gente conversa bastante sobre futebol e diversas coisas. A única coisa que ele tinha pedido era para não tomar cartão amarelo no primeiro jogo (risos). Agora Você virou um paizão dos garotos desse elenco, e sabe como é a expectativa de conquistar o primeiro título. O que tem dito a eles? Jô Eu já imagino a ansiedade deles por ganhar o primeiro título como profissional e num clube onde eles foram criados. Eu não tive o prazer de jogar naquele Paulista de 2003, mas eu estava no elenco, então acabei sendo campeão junto. Hoje, eles estão tendo a oportunidade de participar de alguns jogos e interferiram diretamente para chegar à final. Eles merecem isso. Agora Há algo que você gostaria de ter realizado na carreira e não conseguiu? Jô Eu me arrependo das minhas ações. Dos clubes que eu joguei, eu agradeço a Deus por todos. É claro que todo menino tem o sonho de jogar no Real Madrid, Barcelona, Milan, Inter de Milão. Mas joguei em grandes clubes da Europa, no Manchester City, no CSKA, no Galatasaray. Mas a c h o que, se pudesse mudar, eu não teria feito coisas extracampo. Teria me cuidado melhor, assim eu poderia ter atingido ess es clubes considerados grandes na Europa. Agora E quais as ambições atualmente, aos 30 anos? Jô Eu penso primeiro em ganhar títulos pelo Corinthians. Consequentemente, ganhando títulos, fazendo gols, eu volto a ter oportunidade na seleção brasileira, que é um dos meus objetivos. Eu já estive lá, sei o quanto é bom, sei da responsabilidade. Agora Qual sua relação com o lugar onde hoje é a arena do Corinthians? Jô O estádio fica a dez minutos de onde eu nasci e fui criado. Eu lembro que eu treinava naquele local, lembro quando eu fiz o primeiro gol, contra o Palmeiras, a emoção foi gigantesca, nunca vou esquecer, e sem dúvida não sai da cabeça a chance de ganhar o primeiro título do Corinthians lá. Agora Quem você vai levar para ver a final? Jô Eu tenho muitos pedidos, se eu pudesse levava todos os meus amigos e familiares, mas não vai ser possível. Eu vou levar pessoas que realmente estão no meu cotidiano, que nas horas boas e ruins sempre estiveram comigo. Espero que façam parte desse momento único, que será conquistar o título lá. Agora O que o estádio tem de especial? Jô A torcida. A estrutura é parecida com o que via na Europa, mas é até melhor. Diferente mesmo é a Fiel.