Fila por dentista em postos de saúde chega a dois anos
Pacientes das UBSs podem ser obrigados a esperar meses para tratar problemas simples, como cáries
Agendas fechadas há meses, número limitado de dentistas para atender centenas de famílias e espera por atendimento que pode levar até dois anos. Esse foi o cenário encontrado pelo Vigilante Agora na semana passada ao visitar postos de atendimento odontológico nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ligadas à gestão João Doria (PSDB).
Na UBS Jardim Conquista 3, em Sapopemba (zona leste), há só duas dentistas para dar conta de quatro equipes do programa Saúde da Família, cada uma delas com 15 mil famílias cadastradas. O atendimento pode levar até dois anos. “Quando a vez da equipe de saúde passa, pode ser que demore até 24 meses para rodar novamente e as famílias com a indicação para odontologia daquela equipe consigam passar com o dentista”, afirmou uma técnica de odontologia.
Na UBS Cruz das Almas, na Freguesia do Ó (zona norte), o agendamento de vagas também só é feito por meio das agentes comunitárias. “Não há fila, a dentista oferece duas vagas por mês para cada uma das cinco equipes de Saúde da Família. São apenas essas pessoas que serão atendidas”, disse uma funcionária. Há apenas uma dentista na unidade —deveria haver cinco, mas quatro se aposentaram e não foram repostos.
A UBS Nossa Senhora Aparecida, em Itaquera (zona leste), tem quatro profissionais para o atendimento, mas algumas pessoas na fila terão de esperar até setembro para realizar procedimentos simples, como uma restauração para eliminar cáries.
O cenário é ainda mais crítico na UBS Vila Nova Jaguaré, no Jaguaré (zona oeste). Os profissionais atendem pacientes que entraram na fila em 2016. Quem pede informação sobre o serviço é desestimulado por funcionários. “Se tiver meios para pagar, é melhor, porque quem der o nome agora não vai passar antes do ano que vem”, disse atendente.