Capitão abençoado
Atleta mais antigo do atual elenco alvinegro, o goleiro Cássio dá a volta por cima e ergue o caneco pelo Timão
Lá do céu, dona Maria Luiza deve ter falado, cheia de orgulho: “Olha o meu guri sendo campeão pelo Corinthians de novo!”. Enquanto a senhora enxugava as lágrimas, saudosa do neto, lá embaixo, no gramado do Fielzão, Cássio erguia a taça em gesto repleto de simbolismo para o camisa 12. Algo muito além do fato de ter recebido, pela primeira vez como capitão do time alvinegro, um troféu de campeão.
Há quase um ano, no dia 13 de maio de 2016, o titular da meta corintiana perdia a sua segunda mãe. Muitos dizem, no clube, que a morte da avó foi determinante para a decadência do jogador.
Com a cabeça longe do futebol, Cássio se viu desmotivado, engordou e, diante das várias trocas na comissão técnica ao longo da temporada, perdeu a posição de titular para Walter. Quase foi parar na Turquia, em julho.
Quando viu que seu futuro seguiria atrelado ao Parque São Jorge e com a dor do luto amortecida pela ação do tempo, resolveu que estava na hora de voltar ao páreo.
Contou com a sorte, também, é verdade, porque Walter vivia bom momento, mas se lesionou. Cássio pôde trabalhar em paz, sem a sombra do seu reserva.
Na sexta-feira, o treinador do Timão deu uma prova de seu apreço pelo camisa 12 ao indicá-lo como capitão e torná-lo o primeiro goleiro a levantar uma taça de campeão na história do clube.
Desde os tempos de Tite, há rodízio de capitães do time, uma maneira de motivar o grupo. No caso do goleiro, a braçadeira tinha duas razões: homenagear o mais antigo do elenco —só Danilo o supera, mas o meia não foi inscrito no Paulista— e simbolizar a volta por cima do atleta com um momento de muita alegria, o oposto do que Cássio passou em 2016.
Feito inédito
“Foi a primeira vez que um goleiro levantou um troféu no Corinthians. Fizemos um grande trabalho, fomos superiores nos dois jogos finais”, disse Cássio. “Ninguém esperava [que fossemos campeões], mas sabíamos das nossas condições. Estou feliz, mas quero mais títulos”, finalizou o goleiro.
O Paulistão foi o sexto título do goleiro, que soma 276 jogos pelo Timão. Ele coleciona também a Libertadores e o Mundial de 2012, o Paulista e a Recopa Sul-Americana de 2013 e o Brasileirão de 2015.