Agora

Corinthian­s campeão O orgulho de Tite

Aprendiz do atual técnico da seleção, paulistano repete métodos do mestre e ergue primeira taça

- (Renan Cacioli)

Imagine, leitor, ser promovido duas vezes no mesmo ano, mas, em ambas as ocasiões, ter de conter a euforia em seguida e retornar ao posto anterior na empresa. Pior: em uma dessas situações, ouvir do presidente que você será o escolhido para o cargo e ver alguém de fora chegar para assumir aquela vaga. Difícil de controlar os nervos, não é mesmo?

Bem, se fosse um teste, Fábio Carille já teria provado com louvor sua capacidade de lidar com adversidad­es. Ele segurou a onda diante das trapalhada­s da diretoria do Corinthian­s e, em seu primeiro ano como treinador, ganhou um título.

“Muito feliz. É um privilégio enorme participar deste momento. Não esperava que fosse acontecer tão rápido”, afirmou, festejando no gramado do Fielzão. “Iniciar como técnico no Corinthian­s, com toda a dimensão que tem, é uma satisfação. Só tenho que agradecer.”

Mesmo sob olhares inicialmen­te desconfiad­os da torcida e sem respaldo da direção, o ex-interino se inspirou em Tite para montar um time sólido a partir do sistema de- fensivo. O Timão teve a zaga menos vazada do Paulistão.

Surpreende­nte? Não para o treinador, que já havia avisado em dezembro do ano passado qual seria sua estratégia para vingar.

“É a mesma linha de trabalho do Tite. Meu estilo é muito parecido com o dele”, disse o novato de 43 anos, no dia da sua efetivação.

Ele até havia assumido o comando do time principal antes disso. Quando Tite aceitou o convite para dirigir a seleção brasileira, em meados de junho, o clube pinçou o auxiliar para tapar o buraco até a chegada de Cristóvão Borges, que durou três meses no cargo.

Pegadinha

Na saída de Cristóvão, o presidente Roberto de Andrade garantiu: até o fim do Brasileirã­o, não mexeria mais no comando do time. “O treinador até dezembro será o Fábio Carille”, bradou.

No dia 11 de outubro, ele fechava com Oswaldo de Oliveira. Carille precisou engolir seco até 22 de dezembro, quando a diretoria assumiu o erro e, finalmente, concedeu a ele uma oportunida­de.

O comandante, então, pôs em prática os ensinament­os de Tite, deu ao time uma cara e o conduziu ao troféu.

Carille merece, no mínimo, uma placa de funcionári­o do mês.

 ?? Ronny Santos/Folhapress ?? Jogadores do Timão jogam o técnico Fábio Carille para cima, em reconhecim­ento ao grande trabalho feito pelo comandante desde que assumiu a direção da equipe, em substituiç­ão ao demitido Oswaldo de Oliveira
Ronny Santos/Folhapress Jogadores do Timão jogam o técnico Fábio Carille para cima, em reconhecim­ento ao grande trabalho feito pelo comandante desde que assumiu a direção da equipe, em substituiç­ão ao demitido Oswaldo de Oliveira

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