Doria vai fechar UBS e mandar paciente para unidade lotada
Prefeitura quer que atendimento da Vila Carioca vá para a UBS Joaquim Rossini, com fila de até 8 meses
O prefeito João Doria (PSDB) pretende transferir os pacientes da UBS Vila Carioca para a UBS Joaquim Rossini, ambas no Ipiranga (zona sul). O problema é que a unidade que receberá essas pessoas já sofre com a demora para a realização das consultas, que chega a oito meses no caso do dentista.
A informação do fechamento da UBS Vila Carioca foi divulgado anteontem, em vídeo publicado por Doria em sua página oficial no Facebook. Durante a sua “visita surpresa”, Doria ouviu do coordenador regional de saúde da área sudeste, José Roberto Abdalla, que a unidade é pequena e vai sair de lá para outra. A reportagem apurou que irá para o posto Joaquim Rossini, a 600 metros de distância.
A prefeitura cortou 7,2% da verba repassada às OSs (Organizações Sociais) no município. A unidade da Vila Carioca, que será fechada, é gerida pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).
A mudança preocupa os pacientes da Joaquim Rossi- ni, que esperam pelo aumento no já elevado tempo de espera para passar por consultas. “Fui marcar ginecologista hoje e só consegui para 21 de setembro. Se vir mais gente para cá, misericórdia, só vai ter consulta para o ano que vem”, afirma a ajudante-geral Jéssica Ramalho, 28 anos.
Dentista
O caminhoneiro aposentado Jerônimo Camarin, 77 anos, afirma que, no ano passado, passou por uma consulta ao dentista, e o retorno ficou para oito meses depois. “Desisti de vir. Para nós, que somos idosos, não dá para esperar tanto tempo para ser atendido de novo.”
Frequentadores do posto Joaquim Rossini dizem que a procura já é grande, antes mesmo da chegada dos “vizinhos” da Vila Carioca. É preciso chegar ainda durante a madrugada, às 4h, para entrar em uma fila, se quiser agendar a consulta com o dentista do posto.
Na Vila Carioca, a situação também não é boa. “Tenho diabetes, pressão alta, e venho me tratar aqui na Vila Carioca. Se aqui já não dá conta, imagina quando juntar com o pessoal do outro posto?”, questiona o pintor Avelino Pereira Figueiredo, 63 anos.