Dobra o número de mulheres que vivem na cracolândia
Em um ano, elas passaram de 16,8% dos frequentadores da região para 34,5%, aponta pesquisa
O percentual de mulheres que vivem na cracolândia, na região central de São Paulo, mais que dobrou em abril e maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, passando de 16,8% para 34,5%. O dado faz parte de pesquisa feita pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).
O levantamento foi realizado antes da ação da polícia na antiga cracolândia, no dia 21 de maio. Depois da operação, a maior parte dos dependentes químicos foi para a praça Princesa Isabel.
A pesquisa indica ainda que 14,3% das mulheres estavam grávidas no momento da entrevista. O levantamento, coordenado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), aponta que 70,6% dessas mulheres afirmaram ter sofrido alguma forma de violência na cracolândia.
Para o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, a maior vulnerabilidade das mulheres dentro daquele ambiente é um dos fatores que levaram a esse aumento.
Os dados indicam também um aumento no número total de frequentadores da antiga cracolândia, na alameda Dino Bueno. Em 2016, eram 709 pessoas e, neste ano, o número chegou a 1.861. “Foi constatada uma série de violações aos direitos humanos na região, como a exploração de crianças e idosos e a violência sexual contra mulheres”, afirma Pesaro. Segundo ele, a incidência de sífilis atingia 12,6% da população. “A pesquisa indica que apenas 38,6% dos homens e 18,7% das mulheres fazem sexo com preservativo”, diz. “O que faz com que tenhamos esse percentual alto de grávidas, muitas delas com menos de 20 anos”, afirmou.
Pesaro atribuiu os problemas à atuação do crime organizado e ao que considerou o fracasso do programa Braços Abertos, da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). A assessoria do exprefeito afirmou que o programa seguia experiências bem-sucedidas na Europa e que a atuação do crime organizado é causada pela falta de policiamento.