Operação ligada à Lava Jato envolve Cunha e Furnas
Atuação permitiu superfaturamento de R$ 70 milhões na compra de uma cota de usina, diz polícia
Um esquema envolvendo o ex-deputado federal Eduardo Cunha gerou superfaturamento de mais de R$ 70 milhões na compra de uma cota da Usina Serra do Facão, em Goiás, que foi adquirida por Furnas, segundo informou ontem a Polícia Civil do Rio de Janeiro. O negócio foi alvo da operação “Barão de Gatuno”, que envolveu a Polícia Civil do Rio e o MP (Ministério Público) fluminense. A investigação é um desdobramento da Lava Jato.
Em 2008, Furnas comprou uma cota de 29% da usina por R$ 80 milhões da Serra da Carioca 2, empresa que era comandada por um indicado de Cunha na época.
Seis meses antes da negociação, a Serra da Carioca 2, que era sócia de Furnas, havia adquirido essa cota por R$ 7 milhões.
A respeito desse negócio, a CGU (Controladoria Geral da União), em auditoria, havia apurado vantagens que não eram verificadas normalmente em negócios no setor privado. Segundo investigações, a transação só foi possível porque Cunha atuou em medidas provisórias que alteraram a legislação no setor elétrico. Elas permitiram que Furnas comprasse ações da sócia. “Foi feita uma emenda que permitiria que Furnas tivesse participação superior a 50%. E, logo em seguida Furnas, adquiriu as ações da Serra Carioca 2 por R$ 80 milhões”, explicou o delegado da Defaz (Delegacia Fazendária), Gilberto Ribeiro.
Segundo a Polícia Civil do Rio, foram coletados documentos e informações nesta quinta-feira. Os policiais apontam que a Serra da Carioca 2 é ligada a Cunha, mas ainda não sabem detalhar o tipo de conexão. “Em questão de alguns meses, um investimento de R$ 7 milhões teria se tornado um retorno de cerca de R$ 80 milhões. Tudo isso faz parte de um levantamento inicial. Hoje fizemos essa operação simplesmente para colher provas, fizemos o cumprimento de mandados de busca e apreensão no Rio e em São Paulo”, afirmou Ribeiro.