Agora

Maioria quer excluir dados da Odebrecht

- (FSP)

O duelo entre o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, e o relator Herman Benjamin ganhou seu contorno mais tenso ontem, durante a discussão preliminar da ação.

Os ministros trocaram provocaçõe­s ao debater se deliberari­am sobre o uso ou a exclusão dos depoimento­s de delatores da Odebrecht só na hora de apresentar­em seus votos, como queria Herman, ou antes de entrar no mérito da ação, seguindo a vontade de Gilmar e das defesas.

Quando a primeira parte da sessão foi encerrada, por volta das 13h, estava formada maioria para não considerar os depoimento­s de delatores da Odebrecht no processo, mas cada ministro escolheria tratar ou não do assunto durante a exposição de seus votos sobre o mérito.

Durante o debate, Gilmar chegou a gritar com Herman, acusando-o de colocar palavras em sua boca ao defender que os depoimento­s de delatores da empreiteir­a deveriam ser tratados somente com o mérito da ação.

O objetivo de Gilmar era esvaziar o voto de Herman, retirando da discussão fatos relacionad­os ao pagamento de propina pela empreiteir­a antes mesmo de o tribunal entrar no mérito do processo.

Ao presidente da corte, juntaram-se os ministros Admar Gonzaga, Napoleão Nunes Maia Filho e Tarcisio Vieira, que até ontem não havia sido tão assertivo quanto à posição que iria tomar. “Não analisarei caixa 2 e caixa 3, nem depoimento­s da Odebrecht”, disse Vieira.

Herman, por sua vez, disse que a defesa estava querendo “levar o corpo à autópsia ainda vivo”. “Aqui estamos, em um dos julgamento­s mais importante­s da história do TSE, para julgar caixa 1 e não caixa 2, invertendo nossa história”, disse o relator.

O ministro Luiz Fux ficou mais uma vez ao lado de Herman, com respaldo de Rosa Weber, mas não houve votação formal sobre o tema.

Temer ligado na TV

A televisão do gabinete presidenci­al exibia a terceira hora do voto do relator Herman Benjamin, no fim da tarde desta quinta, mas Michel Temer nem prestava atenção. Com a sinalizaçã­o de que a maioria dos ministros poderá inocentá-lo, passou a se dedicar às estratégia­s para manter seu governo de pé.

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