Agora

Drama afetivo e curiosidad­e levam viciados ao crack

Pesquisa Datafolha com usuários da cracolândi­a aponta gasto médio de R$ 89 com droga por dia

- (FSP)

Conflitos familiares, problemas afetivos e curiosidad­e foram o principal motivo para o início do uso do crack entre os viciados que circulam pela cracolândi­a.

Segundo pesquisa Datafolha, 31% dos usuários de droga entrevista­dos apontam conflitos familiares ou problemas afetivos como a causa do vício. “Curiosidad­e” (30%) e “influência dos amigos” (18%) são outras explicaçõe­s apontadas.

A pesquisa entrevisto­u 245 usuários de crack em 2 e 3 de junho, dez dias após operação policial comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), com apoio do prefeito, o também tucano João Doria. A ação prendeu dezenas de traficante­s e dispersou usuários da antiga cracolândi­a, a cerca de 400 metros de onde estão concentrad­os agora.

A reportagem vestiu um colete do Datafolha e acompanhou pesquisado­res no centro de SP —todos os nomes citados neste texto foram trocados para preservar o sigilo da pesquisa. A margem de erro é de seis pontos percentuai­s.

A ex-bancária Maria, 47 anos, primeiro diz que não vai responder. Então, pensa um pouco e afirma: “Comecei depois que meu filho foi estuprado”. Mãe de sete filhos já adultos, ela mora sozinha em um quarto de pensão. “Trabalhei sete anos no Itaú”, diz. Atualmente, conta que faz programas para manter o vício que custa R$ 100 por dia.

Segundo o Datafolha, os usuários da cracolândi­a gastam em média R$ 89 com a droga por dia, em um consumo médio de 11 pedras.

“Viciado em crack é assim: se ganha R$ 100, gasta tudo em pedra”, diz Roberto, 38 anos. Ele começou na droga há 14 anos, quando diz ter pego a mulher na cama com seu irmão.

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Nelson Antoine/Folhapress

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