Na crise, famílias fazem de tudo para economizar
Desemprego e alta de preços têm levado consumidores a fazer muita economia para fechar o orçamento
Desde que perdeu o emprego, em janeiro, a auxiliar administrativo Aliauria Sandra Rodrigues Regiani, 55 anos, mudou completamente os hábitos de sua família.
Moradora de São Caetano do Sul (ABC), um dos municípios brasileiros com o maior custo de vida do país, ela se vira como pode para fazer as contas caberem no orçamento mensal de pouco mais de R$ 1.000, valor que recebe de seguro-desemprego.
Assim como ela, o publicitário Anderson Campos Ines, 29 anos, morador da Vila Alpina (zona leste), também passou a controlar os gastos da família há dois anos, com o início da crise econômica e a morte do pai.
Na casa de Sandra, como a auxiliar administrativo prefere ser chamada, a economia é drástica: todos devem assistir TV juntos para não gastar luz, boa parte dos eletrodomésticos são retirados da tomada e os banhos são cronometrados. Para gastar menos água, a lavagem das roupas acontece após grande acúmulo de peças no cesto. Outra estratégia adotada por Sandra foi aprender a fazer pequenos reparos. “Já assentei pisos”, conta a auxiliar, que também reforma roupas sem uso e as vende.
Corte
Sandra conta que, ao perder o emprego, a primeira coisa que fez foi cortar a TV a cabo. Hoje, tem apenas in- ternet e telefone fixo dos mais baratos.
A atitude dela não é isolada. Pesquisa de propensão de consumo do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) mostra que, em junho, 58% dos consumidores brasileiros pretendem reduzir os gastos. As principais justificativas são a tentativa de economizar, apontada por 23%, os preços mais elevados, que não cabem no orçamento, motivo de corte de gastos para 18%, as dívidas (15%) e uma redução de renda (10%).
Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC, diz que a quantidade de consumidores no limite de seus orçamentos pode ser reflexo da crise econômica e do acúmulo de dívidas. Para ela, economia e reorganização financeira são os caminhos.