Justiça manda fechar prédio centenário ao lado da Luz
Hotel é tombado e corre risco de pegar fogo, segundo ação do Ministério Público Federal de 2008
A Justiça Federal determinou a interdição do prédio onde fica o antigo Hotel Queluz, na Luz (região central), por risco de incêndio. O imóvel, projetado por Ramos de Azevedo e construído em 1903, é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O pedido de interdição do prédio, que fica na esquina da avenida Cásper Líbero com a rua Mauá, em frente à estação da Luz, foi feito pelo MPF (Ministério Público Federal), baseado em laudo do Iphan de 2008. Segundo o MPF, o risco de incêndio no imóvel é “uma tragédia anunciada”, que pode provocar “danos irreparáveis e inimagináveis”.
Em laudo, técnicos do Iphan afirmaram que o prédio conservava características da época em que foi construído. “Alguns elementos, como as bacias dos balcões de cantaria de pedra, e respectivo guarda-corpo metálico ostentam ainda a refinada qualidade”, apontaram. No mesmo laudo, porém, ressaltaram que havia “instalações elétricas sobrepostas ou feitas de improviso e estruturas subdimensionadas”, além de infiltração e falta de ventilação no térreo.
No local, funciona um hotel com duas entradas, usado como ponto de prostituição e de consumo de drogas, que custa R$ 10 por hora, segundo as prostitutas da região. Ontem, o estabelecimento estava fechado. Além do hotel nos pavimentos superiores, há também sete comércios no térreo.
A Justiça afirma que, antes do processo, os proprietários se recusaram a participar de um programa do Ministério da Cultura para a restauração do prédio. Segundo o MPF, os donos preferiram fazer a reforma por si próprios, o que não foi realizado. Anteontem, durante audiência, as conversas não progrediram e, por isso, a Justiça determinou a desocupação do imóvel. Na reunião, os proprietários afirmaram estar com dificuldade para encontrar a planta do prédio.
A Justiça determinou multa diária de R$ 5.000, caso a decisão seja descumprida. Procurados, os proprietários não se manifestaram até a conclusão desta edição. A prefeitura e a PM afirmam que não foram notificadas da decisão. A Polícia Federal não se manifestou.