Por presença, Temer estimula até voto opositor e abstenção
Planalto prefere arquivar denúncia já na quarta do que ter placar mais vantajoso e briga por quorum
O governo começou a estimular a presença até de deputados contrários a Michel Temer na Câmara para garantir quorum (presença mínima) para a votação da denúncia contra o presidente no plenário amanhã.
Certo de que não haverá os 342 votos necessários para dar seguimento ao processo por corrupção passiva, o Palácio do Planalto passou a pedir que compareçam e votem mesmo aqueles parla- mentares da base que vão se posicionar contra Temer.
Além disso, líderes governistas pediram a deputados federais que ameaçavam se ausentar que eles também marquem presença, mas declarem abstenção na hora de pronunciar seus votos no microfone —o que conta para a formação do quorum.
Auxiliares de Temer decidiram flexibilizar sua estratégia devido às dificuldades para atingir o mínimo de parlamentares necessário para abrir a votação, que também é 342 do total de 513.
Com essa articulação, Temer quer colocar entre 290 e 300 deputados no plenário —mesmo que nem todos se- jam seus apoiadores— e constranger a oposição a também marcar presença, chegando ao número mínimo para que a denúncia possa ser votada.
Se a estratégia não for bem-sucedida, deputados governistas pretendem culpar o PT e outros partidos de oposição pelo fracasso da votação, alegando que eles contribuem para ampliar a instabilidade no país.
Temer e seus auxiliares decidiram aceitar um número maior de abstenções e votos contrários, abrindo mão de um placar mais vantajoso em troca da chance de encerrar o episódio o quanto antes e evitar mais desgaste.