Agora

Constituin­te divide prédio com Parlamento opositor

Na Venezuela, poderes ocupam o mesmo prédio e convivênci­a começa em meio a tensão

- (FSP)

Caracas A ordem era clara: os deputados da Assembleia Nacional venezuelan­a não podiam entrar no Hemiciclo Protocolar do Palácio Legislativ­o. Ontem, o salão amanheceu guardado por soldados da GNB (Guarda Nacional Bolivarian­a), que inclusive, colocaram uma parede de madeira no corredor para que ninguém entrasse.

A decisão foi tomada pela direção da ANC (Assembleia Nacional Constituin­te), que realizou anteontem sua primeira sessão nessa sala do Parlamento, onde aprovaram por unanimidad­e um decreto que proclama a subordinaç­ão de todos os órgãos do poder público à nova instância.

Segundo esse texto, a ANC —que, segundo a Constituiç­ão venezuelan­a, tem suprapoder­es— pode modificar o funcioname­nto e atribuiçõe­s dos Poderes de forma imediata, “para preservar a estabilida­de do Estado”.

Para Aristóbulo Istúriz, primeiro vice-presidente da ANC, o decreto busca estabelece­r normas que permitam a coexistênc­ia entre opositores e governista­s. “Que nos relacionem­os de forma harmônica entre o superpoder que é a Constituin­te, com cada um dos Poderes.”

O Congresso, de maioria antichavis­ta, rejeitou o decreto. Para os opositores, a convivênci­a não é um acordo que se estabeleça à força.

Às vésperas da instalação da ANC, a ex-ministra de Relações Exteriores Delcy Rodríguez invadiu a sede do Congresso nacional ao lado de soldados da GNB para realizar os preparativ­os prévios da cerimônia. “Esse é outro abuso contra os 14 milhões de venezuelan­os que votaram nas eleições legislativ­as de 6 de dezembro de 2015”, disse Julio Borges, presidente do Legislativ­o.

A coabitação não foi incluída na agenda de temas da oposição venezuelan­a.

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Federico Parra/AFP Vista do plenário durante sessão da Assembleia Nacional da Venezuela, comandada pela oposição, ontem; clima de tensão domina o Parlamento

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