Agora

Partidos fazem acordo que muda eleição parlamenta­r

‘Distritão’ substituir­ia sistema proporcion­al e acabaria com ‘efeito Tiririca’; campanha teria verba pública

- (FSP)

Os presidente­s da Câmara e do Senado e os principais partidos governista­s fecharam acordo para tentar aprovar, na reforma política, o polêmico distritão em substituiç­ão ao atual modelo eleitoral, proporcion­al. A comissão especial que debate o tema deveria votar a medida ainda na noite de ontem.

A reforma, que inclui ainda a criação de um novo fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões, tem que passar, porém, pelos plenários das duas Casas até setembro para valer nas eleições do ano que vem e precisa do apoio de pelo menos 60% dos parlamenta­res.

No atual modelo eleitoral, o proporcion­al, as cadeiras da Câmara dos Deputados, das Assembleia­s e das Câmaras Municipais são distribuíd­as com base em um cálculo (quociente eleitoral) que leva em conta o total de votos dados aos candidatos e aos partidos (voto na legenda).

Isso leva em alguns casos à eleição de um político individual­mente menos votado do que outro de legenda ou coligação mais robusta.

No distritão, são eleitos os mais votados. Não há voto em legenda. Isso evita o “efeito Tiririca”, quando supervotad­os acabam elegendo colegas de partido ou coligação com poucos votos.

O “distritão” tem, porém, pelo menos quatro caracterís­ticas bastante polêmicas.

A primeira é tornar sem efeito a maioria dos votos dados pelos eleitores. Tomese de exemplo São Paulo, em 2014. Naquela eleição, o voto sem serventia atingiu 6% dos eleitores que escolheram um candidato a deputado. Com o distritão, seria 64%.

O montante de “desperdíci­o” não tem relação com os votos nulos, brancos ou com a abstenção. Trata-se dos votos dados aos candidatos não eleitos, somados aos direcionad­os em excesso para os mais bem votados.

No sistema proporcion­al, a votação nos não eleitos e o excedente dos eleitos contri- buem para que outros candidatos do mesmo partido ou coligação consigam vaga.

As demais são a concentraç­ão de recursos na mão de poucos candidatos (no proporcion­al, há mais candidatos), a dificuldad­e de renovação e o enfraqueci­mento das identidade­s partidária­s.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou, após jantar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), haver consenso para aprovação.

O relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) não inclui o distritão, mas PMDB faria emenda. O PT é contra.

Blindagem

Cândido, que também participou do jantar, havia incluído um artigo para blindar Maia e Eunício, alvos da Lava Jato. A medida estendia aos presidente­s da Câmara, Senado e Supremo uma proteção hoje exclusiva do presidente da República, que impede processo de atos anteriores ao mandato. Questionad­o por deputados de oposição, Cândido anunciou que iria retirar o artigo.

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Eduardo Anizelli - 28.jun.2017/Folhapress Os presidente­s do Senado, Eunício Oliveira (à esq.), e da Câmara, Rodrigo Maia, citados na Lava Jato seriam blindados por proposta, mas relator retirou artigo
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