Centrão ameaça barrar pauta econômica
Sem receber os cargos prometidos pelo Palácio do Planalto, partidos da base de Michel Temer ameaçam im- por uma derrota ao governo já na semana que vem, quando deve ocorrer a primeira votação importante da pauta econômica depois da rejeição da denúncia por contra o presidente.
Siglas do chamado “cen- trão”, grupo que reúne partidos médios como PP, PR, PSD e SD, pretendem boicotar as negociações sobre a medida provisória do Refis, programa de renegociação de dívidas com o fisco. Esse texto é prioridade do governo para tentar salvar as contas públicas deste ano.
Alegando falta de diálogo com o Planalto, essas siglas afirmam que o governo se recusa a redistribuir os espaços hoje ocupados por indicações de deputados que votaram contra Temer na Câmara na semana passada.
O Refis é a principal arma do governo federal para ampliar a arrecadação deste ano, diminuir o rombo no Orçamento e amenizar a revisão da meta fiscal —atualmente estipulada em um de- ficit de R$ 139 bilhões.
A expectativa da área econômica do governo era arrecadar R$ 13 bilhões com o programa, mas a Câmara alterou o texto, gerando mais benefícios para os devedores, e reduziu essa projeção para menos de R$ 1 bilhão. O governo quer negociar um meio-termo, mas a base de Temer resiste.
Integrantes de partidos como PP, PTB e PR dizem que, se não tiverem suas demandas atendidas, podem votar a favor do texto costurado na Câmara, à revelia do Planalto, ou simplesmente não votar texto algum. Se o centrão barrar as negociações até outubro, a medida provisória perde a validade.
A estratégia do centrão ainda não está fechada. Se- ria desenhada em reunião ontem, que acabou adiada para a próxima semana.
O governo tem feito uma redistribuição pontual de cargos, mas promete aos parlamentares listar até a semana que vem as vagas ocupadas por traidores, em uma devassa mais significativa.
Fiadores da vitória de Temer na semana passada, os deputados do centrão estão de olho não apenas em cargos do primeiro escalão, como o Ministério das Cidades, hoje com o dividido PSDB.
Há interesse em segundo e terceiro escalão, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, hoje do PSB. Rachado na Câmara, o partido comanda o Ministério de Minas e Energia.