Agora

Estádio aquece o sistema viário

Bairro na zona leste recebe a casa do Timão, mas espera pelos avanços que foram prometidos

- (RS) (Regiane Soares)

Sete anos atrás, a jornalista Monica Aureliano de Souza, 47 anos, via da janela de seu apartament­o na Cohab 1 apenas um terreno vazio, cheio de mato, propício a atividades ilícitas. Agora, ela vê da mesma o Fielzão. Mas esperava ver muito mais.

“Analisando de forma fria, não houve nem melhora nem tivemos prejuízo. Mas está melhor com o estádio do que o terreno vazio”, disse.

Ela lembra que na área do transporte tudo continuou como estava. Em dias de jogos do Timão, ela conta que as ruas da Cohab se transforma­m em estacionam­ento.

Também morador da Co- hab 1, o aposentado Elvécio Anastácio Lourenço, 62 anos, mais otimista, comemora as melhorias no sistema viário e até na Escola de Futebol da Cohab, que era de terra agora tem grama sintética.

Em 2010, quando Itaquera (zona leste) foi anunciada como sede da Copa no Brasil, com a confirmaçã­o da Arena do Corinthian­s, várias obras foram prometidas para a região. Mas, muitas delas não saíram do papel. E do que foi concluído, como as melhorias no sistema viário, já apresentam desgaste (leia mais na pág. A4).

O projeto urbanístic­o de transforma­ção e desenvolvi­mento social, econômico e cultural era ambicioso. Em um terreno próximo ao Fielzão estava previsto o Polo Institucio­nal Itaquera, onde funcionari­am em um mesmo espaço um centro cultural, museu, fórum, centro empresaria­l, incubadora tecnológic­a, centro de convenções com auditório, escola e faculdade, além de área de lazer e serviços públicos. Porém, apenas uma Etec e uma Fatec funcionam no local.

“O resto [das obras] ficou tudo na maquete que tinha aqui e era linda. Ficou tudo no papel e o terreno está aí, sem nada”, disse o vigia da Fatec, que não se identifico­u.

Também ficou no papel a rodoviária de Itaquera, que seria construída ao lado do terminal municipal de ônibus. O canteiro de obras ainda continua no local, mas até a placa que indica o que está sendo feito e o valor do investimen­to foi retirada.

No terminal, que também previa ampliação, apenas parte da estrutura para aumentar o número de plataforma­s foi construída. Ainda assim, na parte superior, é possível ver a estrutura de ferro sem o acabamento.

Até a esperada geração de emprego com a Copa também não vingou. Uma lei aprovada em 2013 previa a isenção de impostos municipais para empresas que se instalasse­m na zona leste. A expectativ­a era gerar 50 mil empregos. Porém, segundo a prefeitura, apenas dez empresas aderiram ao programa e o número de empregos gerados não foi divulgado.

E a valorizaçã­o imobiliári­a também não foi como os moradores da Cohab 1, vizinha ao Fielzão, esperavam. Em 2010, quando foi confirmada a abertura da Copa em Itaquera, um apartament­o de 56 m2 passou de R$ 80 mil para R$ 130 mil. Hoje, o mesmo imóvel, é comerciali­zado de R$ 190 mil a R$ 210 mil, dependendo das melhorias feitas. Porém, os R$ 130 mil corrigidos pela inflação val er i am hoje c erc a de R$ 193 mil.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil