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Para sobreviver, sindicatos terão que se reinventar

Sem imposto sindical obrigatóri­o, entidades terão que mostrar resultados para atrair mais contribuiç­ões

- (FSP)

O fim do financiame­nto obrigatóri­o, que os sindicatos tentam reverter, é apenas um dos efeitos da reforma trabalhist­a sobre essas organizaçõ­es —e, se bem usado, pode fortalecê-los, defendem economista­s.

Promulgada em julho, a lei que alterou as regras trabalhist­as passa a valer em novembro com pelo menos quatro efeitos diretos no mundo sindical. O principal é o fim do desconto de um dia de trabalho do empregado.

Conhecido como imposto sindical, o repasse somou R$ 2,6 bilhões no ano passado, e é fonte fundamenta­l de manutenção das entidades mais fracas. Estima-se que metade dos 7.000 sindicatos de trabalhado­res urbanos do setor privado tenha surgido só para receber o imposto.

Com a perspectiv­a de perder essa verba, entidades sindicais negociam com o Ministério do Trabalho outra contribuiç­ão obrigatóri­a.

Ela seria decidida pela categoria na assembleia que aprova a convenção coletiva. Se 10% dos profission­ais participar­em da votação e o desconto for aprovado por metade mais um, todos os trabalhado­res vão pagar.

Na prática, essa fonte de renda pode superar o impos- to sindical, se o valor aprovado em assembleia exceder o de um dia de trabalho.

Para Sergio Firpo, professor do Insper, não contar com receita obrigatóri­a levaria os sindicatos a defender melhor os trabalhado­res. “Uma coisa é viver de mesada, outra é trabalhar para se sustentar.”

Uma das dificuldad­es para os sindicatos, porém, é que suas conquistas valem para todos, e não só para os sindicaliz­ados, criando os “caroneiros” que não veem incentivo em se associar.

Firpo acredita que trabalhado­res podem aderir espontanea­mente se perceberem que isso traz vantagens.

Mantidas as regras da nova lei, grande parte dos sindicatos deve dar lugar a entidades mais representa­tivas, dizem especialis­tas. “Para os que podem reunir a categoria na fábrica, será mais fácil. Os que têm trabalhado­res pulverizad­os terão mais trabalho”, aponta Naercio Menezes Filho, do Insper.

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