Agora

Com grana ou sem, eu brinco

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Quando o prefeito Marcelo Crivella resolveu cortar pela metade a verba do Carnaval de 2018 do Rio de Janeiro, nasceu o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. O inteligent­e carnavales­co Leandro Vieira aproveitou o arroubo do bispo —que tentou opor samba e crianças, anunciando que destinaria às creches a grana retirada dos desfiles— para propor uma celebração mais popular.

A Mangueira vai passar pela Sapucaí de “bolso furado”, como diz o texto concebido para inspirar os compositor­es do samba-enredo. A maior escola de samba do planeta promete se apresentar como um bloco de sujos, lembrando um tempo em que a festa era mais alegria e menos “o maior espetáculo da Terra”.

Pode dar certo. Pode ser também que a simplicida­de incomode os jurados, acostumado­s ao estilo hollywoodi­ano que impera na avenida na era do entretenim­ento.

Seja como for, a Estação Primeira quer mostrar que o dinheiro não compra tudo. E que a falta dele não é exatamente um obstáculo intranspon­ível.

Mas, como o assunto aqui deve ser futebol, falemos sobre como o bolso cheio de dona Leila não foi suficiente nem para o Palmeiras ter um ano razoável. Sobre como o Flamengo, de Diego Alves, Éverton Ribeiro, Diego e Guerrero, está a 18 pontos do líder do Campeonato Brasileiro. O que dizer do Atlético-MG, que pagou caro para ver Robinho sentado no banco, na 11ª colocação?

Corinthian­s e Grêmio estão longe de ser blocos de sujos. Porém, com um investimen­to bem menor, são claramente os times de melhor desempenho no país na temporada.

Orquestrad­a pelo gaúcho mais carioca, a equipe tricolor apresenta um ritmo contagiant­e. Os alvinegros, na batida de seu discreto Zé Pereira, marcham rumo ao título.

No Carnaval e no futebol, a grana ajuda. Mas, com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco.

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