Ataques vão de soco a cadeirada na aula
“Quem é que sai para trabalhar pensando em tomar um soco na cara?” A pergunta não sai da cabeça do professor Márcio Gomes, 40 anos, há mais de um mês.
Na primeira quinta-feira de agosto, ensinava equação de segundo grau em uma escola estadual em Mogi das Cruzes (Grande SP), quando um aluno que ele nunca tinha visto entrou na sala, pegou o celular de outro e fez barulho no corredor ao sair. Advertido por uma funcionária, gritou palavrões e disse que iria dar um soco nela.
Ao ouvir a ameaça, Márcio procurou a colega para alertá-la. No mesmo dia, foi surpreendido no pátio pelo aluno desconhecido que entrara no meio da sua aula. “Com um olhar fixo de raiva, ele veio até mim e começou a me dar socos e pontapés.”
Professor de artes, Jeferson Siqueira, 49, foi golpeado com uma cadeira após re- preender jovem que havia batido o caderno com força na mesa na zona norte de SP. Machucou antebraço, cotovelo e mão. Teve o dedo quebrado. Dias antes, ele e o aluno que depois o agrediu haviam tido uma discussão. “Ele traficava na escola.”
A professora Fábia Morente, 41, também entrou para as estatísticas. Os episódios começaram há alguns meses, após ela avisar uma colega que alunos haviam quebrado a vidraça do colégio. Pouco depois, chegou em seu carro e descobriu que tinham descarregado todo conteúdo de um extintor. Em abril, veio a situação mais grave, no meio de aula do 9º ano. “A porta da sala estava aberta. Eu só vi uma lixeira voando, e os alunos gritando: ‘não!’.” Não deu tempo de desviar. A lixeira —cheia— bateu na cabeça e no ombro dela.