Agora

Dodge toma posse na PGR sem mencionar a Lava Jato

Sucessora de Janot defende combate à corrupção, mas não fala de operação e cita harmonia de poderes

- (FSP)

Ao lado de autoridade­s investigad­as pelo Ministério Público e sem mencionar a Lava Jato, a nova procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, tomou posse na manhã de ontem na sede da Procurador­ia-Geral da República, em Brasília.

Dodge defendeu a “harmonia entre os Poderes” como “requisito para a estabilida­de da nação” e enfatizou em várias partes de seu discurso que o Ministério Público deve combater a corrupção sem descuidar de outras atribuiçõe­s, como a defesa dos direitos humanos e das minorias.

A ausência de menção à Lava Jato, segundo pessoas próximas de Dodge, é parte da estratégia da nova procurador­a-geral de se associar excessivam­ente à operação, daí ter ampliado o leque para outros temas.

A Lava Jato, na visão de aliados, é marca da gestão anterior, de Rodrigo Janot, adversário de Dodge na PGR.

Presente, o presidente Michel Temer, que nomeou Dodge ao cargo, também falou de harmonia entre o Executivo e o Ministério Público.

Janot não compareceu. Na última quinta-feira, ele de- nunciou Temer pela segunda fez ao Supremo Tribunal Federal, desta vez sob acusação de chefiar organizaçã­o criminosa e obstruir a Justiça.

A presença de procurador­es do núcleo de confiança de Janot criou um ambiente de indisposiç­ão.

O ex-vice-procurador-geral Nicolao Dino, o mais votado na lista tríplice da categoria, que acabou preterido por Temer, teve dificuldad­e para entrar no auditório, porque estava sem um adesivo amarelo para identifica­r as autoridade­s.

O ex-chefe de gabinete de Janot, Eduardo Pelella, só venceu a fila de entrada no meio do evento. Depois, ao cumpriment­ar Dodge, desabafou: “Agora está na hora de viver um pouco”.

A convidados que o abordavam para perguntar do ex-chefe, ele dizia apenas que “não veio”.

Janot ficou em seu gabinete de subprocura­dor-geral durante a posse, no mesmo prédio onde Dodge assumia a sua cadeira. Ele voltará a atuar pela PGR junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Aliados disseram considerar uma descortesi­a o fato de Janot não ter sido convidado para o evento (não havia uma cadeira reservada com o nome dele, por exemplo).

A assessoria de Raquel Dodge afirmou, na sexta-feira, que o convite foi enviado por e-mail. Presidente do Senado Elencado na segunda Lista de Janot a partir das delações de executivos da Odebrecht Segundo o executivo Cláudio Melo Filho, Eunício teria recebido R$ 2,1 milhões em caixa dois para a campanha eleitoral. Seu apelido na planilha de propinas da empreiteir­a era “Índio” A investigaç­ão tramita no STF e, no início do mês, a PGR pediu vistas do processo Segundo a delação de Ricardo Saud, delator da JBS, ele teria recebido parte dos R$ 46 milhões em propinas pagas a senadores do PMDB Presidente da República Foi denunciado duas vezes por Rodrigo Janot, a última delas na quinta Acusado de organizaçã­o criminosa e obstrução de Justiça por supostamen­te ter agido para comprar o silêncio do operador Lúcio Funaro e do exdeputado Eduardo Cunha As acusações foram feitas por executivos da Odebrecht e por Funaro Em junho, a PGR o denunciou por corrupção passiva: o presidente seria o destinatár­io de uma mala com R$ 500 mil em propinas e uma promessa de outros R$ 38 milhões em vantagens indevidas por parte da JBS Segundo relatório da PF, Temer é o líder do “quadrilhão do PMDB”, como a investigaç­ão apelidou o grupo de políticos que tinha vantagens na Câmara Presidente da Câmara Também é um dos alvos de pedido de inquérito da PGR, com base nas delações de executivos da Odebrecht De acordo com o delator Cláudio Melo Filho, Maia recebeu R$ 500 mil na campanha de 2010 e R$ 100 mil, em 2012. O apelido dele era “Botafogo” na planilha que organizava o pagamento de propinas da empreiteir­a Segundo o pedido de investigaç­ão, a contrapart­ida para a empreiteir­a foi a aprovação de uma medida provisória

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Eunício Oliveira (PMDB) Michel Temer (PMDB) Rodrigo Maia (DEM)
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