Viga dificultava entrada de meninas em baú de Fiorino
Como portas traseiras estavam muito perto da peça de madeira, seria difícil garotas acessarem veículo
As duas portas traseiras do Fiat Fiorino no qual os corpos das duas meninas de 3 anos foram encontrados na favela do Jardim Lapena, em São Miguel Paulista (zona leste), estavam praticamente bloqueadas porque havia uma viga (horizontal) de madeira muito próxima da parte de trás do veículo. O fato reduz a hipótese de que as meninas entraram no carro e não conseguiram sair.
Adrielly Mel Severo Porto e Beatriz Moreira dos Santos, vizinhas, desapareceram no dia 24 de setembro. Os corpos foram achados em estado avançado de decomposição no baú do Fiorino, em terreno baldio a 150 metros da casa delas, no dia 12.
Segundo policiais que atenderam o caso, no dia 12 foi preciso serrar essa viga para abrir as duas portas do baú do carro e retirar os corpos das meninas. A viga impedia quase totalmente a abertura das portas —só uma podia ser aberta, bem pouco.
Segundo os policiais, as duas portas da frente estavam trancadas.
Os policiais contaram que essa viga estava mais para os fundos do terreno e fixada entre as duas paredes das casas ao lado. O veículo foi colocado de ré e essa madeira ficou próxima do baú.
A polícia acredita que a madeira já estava no local e não foi colocada para impedir a saída das crianças.
Uma das linhas de investigação da Polícia Civil é de acidente —as meninas podem ter entrado para brincar e ficaram presas sem conseguir sair. A presença da viga, porém, derrubaria essa tese.
De acordo com os policiais, dentro do carro também foi achado um rádio comunicador parecido com os usados por vigilantes. Nenhum suspeito foi preso pelo crime.
Anteontem, dois homens foram libertados por PMs de um cativeiro onde estavam sendo torturados por traficantes para que confessassem o crime. A polícia trata eles como vítimas.
Ontem peritos do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) voltaram ao terreno para perícia complementar.