Agora

Zequinha, o ponta de lança

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No início dos anos 1980 brilhou pelos campos da várzea uma lenda: Zequinha. Ponta de lança faceiro, habilidoso e destruidor de defesas. Como Bruce Lee, fugia das macetadas dos beques de fazenda. Como Uri Geller, enganava goleiros. Conhecia os atalhos dos “terrões” desde Guaianases até a Pedreira.

Zeca, além de craque, era um baita boa-praça. Cativava gregos e troianos. Apesar de seus dribles desconcert­antes, era sempre convidado pelos adversário­s de outros bairros para um regabofe, um riscado, um perepepe, ou mesmo uma resenha. Dominava não só o couro da redonda, mas também de timbas e tamborins.

Zequinha lustrou com desenvoltu­ra a camisa 11 do Flamenguin­ho da Vila Alpina. Fez figura no Desafio ao Galo. Passou fácil pelas peneiras de Corinthian­s, Palmeiras e Portuguesa. Infelizmen­te, os estudos, o trabalho, a ne- cessidade de ajudar os pais abreviaram o sonho dos gramados.

Certa vez, trabalhou como maquinista no Metrô. Deixou o trem no automático, e desceu rápido na Vila Esperança para galantear uma velha paquera na plataforma. O trem foi parar na Sé sem o maquinista. E o maquinista foi parar sem emprego. Logo conseguiu uma vaga como chofer na CMTC. Conduzia uma linha que ligava a Vila Industrial até a Lapa.

Todas as manhãs, às 5h05, pegava a bela Marinalva. Se apaixonou. Dessa vez, não largou a condução. Foi passo a passo. Contudo, numa tarde de carnaval, Marinalva surgiu no coletivo trajada com as cores da Camisa Verde e Branco: Zeca tremeu no volante.

A cabrocha seguia para o desfile na avenida Tiradentes. Zequinha foi buscá-la à noite, declarou o seu amor e nunca mais a largou.

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