Pequeno atrevido
Nada de Corinthians, Palmeiras ou River Plate. A grande sensação da Libertadores é o pequeno Lanús (ARG), que conseguiu a inédita vaga na final com uma virada épica sobre o forte conterrâneo.
Os torcedores do time grená se orgulham de dizer que seguem o “maior clube de bairro do mundo”. Acostumado a brigar contra o rebaixamento no país, o centenário Lanús só faturou quatro títulos relevantes na história: dois Argentinos, uma Copa Conmebol e uma SulAmericana —metade deles nos últimos quatro anos.
O conto de fadas, semelhante ao vivido por São Caetano, Independiente del Valle e Once Caldas, campeão em 2004, parecia improvável.
Afinal, embora tenha se classificado com o taça do Nacional do ano passado, o time comandado por Jorge Almirón era um dos patinhos feios desta Libertadores. Na fase de grupos, sofria para avançar ao mata-mata e só deslanchou após ganhar três pontos da Chapecoense no tapetão.
Seu artilheiro, José “Pepe” Sand, passou por 16 clubes em 19 anos e só se sentiu em casa em Lanús. Aos 37 anos, o herói disse até ter sido chamado de corno por um jornalista em meio às cobranças.
Outro veterano, o capitão Maximiliano Velázquez quase abandonou a carreira há poucos meses. Voltou para conduzir o time para o auge.
Mesmo o paredão Esteban Andrada era reserva até outro dia. Como fez Sidão no Audax, aproveitou uma contusão do titular para mostrar seu valor, especialmente nos pênaltis, e não saiu mais.
O craque, Lautaro “Laucha” Acosta, levou até bronca do próprio pai ao recusar um caminhão de dinheiro da China e do mundo árabe, mas garantiu: “Tenho tudo o que preciso aqui”, algo tão raro hoje em dia.
Com heróis improváveis, o maior clube de bairro tem tudo para se tornar o maior da América.