Igreja Católica pode discutir ordenação de padre
Religiosos brasileiros, como dom Cláudio Hummes, querem tema em encontro de bispos de 2019
A escassez crônica de padres para atender os fiéis em regiões remotas da Amazônia pode levar o papa Francisco a considerar a opção de ordenar homens casados como sacerdotes da Igreja Católica, diz a imprensa italiana.
Segundo o jornal “Il Messaggero”, religiosos brasileiros, como o cardeal dom Cláudio Hummes e o bispo emérito da prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, teriam defendido a necessidade de debater o tema durante o Sínodo Pan-Amazônico, encontro de bispos da região marcado para 2019.
A região amazônica pode ser considerada estratégica para o pontífice argentino por diversos motivos.
Francisco mostrou que deseja aproximar mais a Igreja das causas ambientais e sua preocupação com áreas do planeta consideradas marginais, nas quais existem pobreza crônica, populações nativas sob pressão externa e crises migratórias, também é bem conhecida.
Dom Erwin Kräutler declarou em 2015 que via a questão do ponto de vista prático, como parte do bem-estar espiritual dos fiéis. “O problema não é o celibato em si, que é uma graça, mas o fato de que milhões na Amazônia ficam privados da Eucaristia”, disse.
A Eucaristia ou comunhão, momento máximo da missa, depende da consagração da hóstia e do vinho, que só pode ser feita por padres.
Onde existe
Rodrigo Coppe Caldeira, especialista em história do catolicismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, lembra que já existem sacerdotes casados na ativa, em situações especiais. Há os católicos do chamado rito oriental, como os da Ucrânia e do Oriente Médio, entre os quais a presença de padres com mulher e filhos é aceita há séculos.