Chefe de Homicídios diz que nneem aa RRootttaa entra em favelas
Delegada Elisabete Sato diz, em palestra, que há ‘caos social’. ‘População odeia a sua polícia’, afirmou
Diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil de São Paulo, a delegada Elisabete Sato disse ontem que o Estado vive um período “muito complicado” para a segurança pública e que até mesmo a Rota, a tropa de elite da Polícia Militar, não tem conseguido entrar em favelas da capital paulista.
Essa é a primeira vez que um integrante da cúpula da Segurança Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB) admite haver territórios con- trolados pelo crime, como ocorre no Rio de Janeiro.
A delegada, uma das mais respeitadas da polícia, falou sobre homicídios e latrocínios durante evento do MPD (Ministério Público Democrático) em São Paulo. Aos presentes, Elisabete Sato disse que vivemos um “caos social” que provocou mudanças na população e, em especial, nas favelas.
“A realidade mudou. As favelas, as comunidades mudaram. Nas últimas semanas tivemos o duplo homicídio das meninas [de três anos] e para entrar lá naquela favela do Jardim Lapena [zona leste], entramos porque foi homicídio. É muito complicado”, disse ela, em referência ao assassinato de Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto, no mês passado.
“E nossos investigadores me falaram na semana passada: ‘Diretora, está difícil entrar em Paraisópolis [...] Nem a PM nem a Rota estão entrando lá’”, continuou.
Paraisópolis é a segunda maior favela da capital, com 100 mil habitantes, e um dos principais redutos da facção criminosa PCC.
Ainda segundo a delegada, há um problema da própria forma como a sociedade vê seus policiais. “A população odeia a sua polícia. Qualquer lugar que a gente vá, a polícia é hostilizada. O que está acontecendo?”, disse.