Crise e zika reduzem total de nascimentos no Brasil
País teve 151 mil nascimentos a menos em 2016 em relação ao ano anterior, diz IBGE
O número de nascimentos no Brasil em 2016 caiu 5,1% em relação ao ano anterior, interrompendo tendência de crescimento que vinha desde 2010. É o que mostra a pesquisa anual Estatísticas de Registro Civil, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os prováveis motivos estão a crise econômica e a zika, que levou casais a adiar os planos de ter filhos.
A queda nos nascimentos aconteceu em todas as regiões do país. Já era esperado que o número caísse em algum momento devido ao envelhecimento da população e da queda da taxa de fecundidade, mas a proporção do recuo surpreendeu os pesquisadores.
No ano passado, houve 2,79 milhões registros de nascimentos, 151 mil a menos do que em 2015. Para se ter uma ideia, 96,5% dos municípios do Brasil têm menos de 150 mil habitantes. Entre 2003 e 2010, o número de nascimentos oscilou sutilmente. A partir de 2010, a tendência foi de crescimento, até 2016. A queda neste ano foi a mais acentuada desde 2006.
Uma das hipóteses levantadas por pesquisadores do IBGE é o surto de zika. Grávidas que tiveram a doença deram à luz bebês com microcefalia. Entre novembro de 2015, início da emergência em saúde pro causa da zika e maio deste ano, o país registrou 2.653 casos confirmados de microcefalia.
Também é possível que a crise econômica tenha desincentivado casais a terem filhos. “Pesquisas do IBGE mostram que há relação entre crise, desemprego e nascimentos. As pessoas acabam adiando a decisão de ter filhos”, diz Barbara Cobo, coordenadora de população e indicadores sociais do IBGE.
Se o número de nascimentos caiu, entre 2006 e 2016, cresceu a proporção de mães que tiveram filhos depois dos 30 anos e houve queda no número de mães jovens, de acordo com o IBGE.