A próxima vítima
A transformação de Raí em diretor de futebol do São Paulo traz enorme ameaça à sua condição de ídolo. Por tudo o que vem acontecendo no clube do Morumbi nos últimos tempos, é melhor colocar as barbas de molho.
Não que lhe falte capacidade. Além de ter sido um dos maiores craques da história tricolor, ele possui excelente nível intelectual, princípios éticos, formação adequada e experiência administrativa. Porém, ao entrar nesse barco à deriva, em mar revolto, arrisca sua credibilidade diante de variáveis que estão fora de seu controle.
Desde a renúncia de Carlos Miguel Aidar, para evitar o impeachment após denúncia de corrupção, o São Paulo vive fase turbulenta. O presidente Leco muda a diretoria de futebol como a gente troca de cueca. Uma porção de gente passou por lá nos seus 25 meses de mandato, inclusive Gustavo de Oliveira, sobrinho do próprio Raí.
Em meio a essa bagun- ça, o último Brasileiro que o São Paulo ganhou remete a 2008. Lá se vão quase dez anos. A taça de Paulistão mais recente é de 2005. Para provocar rivais, os cardeais repetem que “clube grande não cai”, uma falácia, pois há gigantes no mundo todo que já foram rebaixados. O que não pode acontecer é clube grande lutar todo ano para não cair, como vem ocorrendo.
Raí acabou de se formar em administração esportiva em Nyon, na Suíça, onde fica a sede da Uefa, e parece estar empolgado. Mas terá de lidar com a instabilidade política do clube e, sobretudo, de seu presidente.
No fim do ano passado, Rogério Ceni também estava cheio de planos ao ser ungido como técnico por Leco, cuja paciência com o Mito não foi além da 11ª rodada do Brasileirão. Depois de ser usado, num ato populista para agradar à massa, acabou descartado sem o mínimo respeito. Tomara que Raí não se torne a próxima vítima.