Alckmin é eleito presidente do PSDB e Aécio sai vaiado
Em convenção do partido, governador faz ataques ao PT; senador fica só 40 minutos no evento
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu ontem o comando do PSDB com um aceno ao governo Michel Temer (PMDB) em um esforço para manter canais abertos para uma aliança em torno de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2018.
Com ataques ao PT, o paulista foi eleito presidente da sigla em um evento que abafou as cobranças de grupos tucanos que defendiam um rompimento contundente da sigla com Temer.
Os principais críticos do governo, em especial a ala de deputados mais jovens, ficaram apagados.
Alckmin poupou Temer de críticas e chegou a enaltecer o trabalho do presidente pela aprovação de reformas.
“Registre-se os esforços do atual governo, que pouco a pouco começa a reversão da tragédia econômica em que o país foi colocado”, disse.
O gesto de Alckmin, embora tímido, contém uma mudança de tom e de estratégia em relação a sua candidatura presidencial. O tucano planejava se manter afastado do PMDB de Temer e de parte das siglas de sua base, por considerar que a impopularidade do presidente prejudicaria sua campanha.
Agora, aliados do governador paulista admitem uma aproximação com esses partidos para construir uma aliança mais ampla e evitar o lançamento de uma candidatura alternativa no bloco da centro-direita, como a do ministro Henrique Meirelles.
Alckmin disse em entrevista após o evento que só pretende discutir a formação de alianças após a confirmação de seu nome como candidato ao Planalto, o que deve ocorrer até março.
Segundo auxiliares, o governador estuda marcar um encontro com Temer nas próximas semanas para discutir a posição do PSDB na reforma da Previdência. Seria seu primeiro movimento para manter a interlocução.
Ao poupar o atual governo, Alckmin centrou seus ataques no PT e no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje líder nas pesquisas para a eleição de 2018. Disse que “Lula quer voltar à cena do crime”. “Será que os petistas merecem nova oportunidade?”, questionou. “Nós os derrotaremos nas urnas.”
Vaias
O senador Aécio Neves (MG) foi hostilizado ao chegar à convenção. O locutor do encontro tentou contornar a situação. O mineiro não foi chamado para sentar à mesa montada no palco e, na sequência, deixou o evento. Ele ficou por 40 minutos.
Alguns tucanos, no entanto, disseram que as vaias foram para o governador do DF, Rodrigo Rollemberg.
Aécio se licenciou da presidência, depois que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.