Gostam de ostentar, diz chef de restaurante
O sonho que perseguiu a vida da chef Jaqueline Alves encontrou no Tatuapé (zona leste) o lugar certo para se tornar realidade. Ela queria um espaço glamouroso, repleto de adereços da época vitoriana —ela é fã da rainha Vitória, da Inglaterra (18191901)—, com lustre e louças importados. Também há as cadeiras laqueadas com ouro. Tudo isso caiu no gosto dos grã-finos do bairro e virou o bistrô Cereja Flor, há quatro anos.
Jaqueline contou com o serviço de uma consultoria que a incentivou a investir logo de cara R$ 1,2 milhão. “Eu acho que eles gostam de ostentar. São os ricos emergentes, pessoas que subiram de vida e são extremamente fiéis ao lugar onde vivem.”
A chef costuma receber também jogadores de futebol. “Eles nem querem ver a carta. Pedem sempre ‘o melhor’, quando querem vinho ou uísque. As mesas deles são de R$ 2.000, R$ 3.000.”
A chef diz que foi muito bem recebida no bairro. Mas conta que ainda não achou um apartamento de até R$ 1 milhão para viver lá —ainda mora na zona oeste.
Atualmente, o Tatuapé não tem uma prefeitura regional. Uma parte do bairro é atendida pela de Aricanduva, a outra, pela da Mooca. Uma das reivindicações dos comerciantes e moradores da região é que o bairro tenha uma administração própria.
“É uma reivindicação anti- ga por parte da população e da associação comercial do bairro, mas não há nada formalizado, nenhum projeto em trâmite. São apenas discussões que estão ocorrendo”, diz o músico Alê Ragazzi, 44 anos, diretor da Associação Comercial de São Paulo Distrital Tatuapé.