Doria compara renúncia a separação no casamento
Prefeito afirmou que ‘há circunstâncias que se impõem na vida’ e a pessoa não é considerada traidora
O prefeito João Doria (PSDB) comparou ontem sua saída da administração municipal a uma separação no casamento. Anteontem, ele foi escolhido nas prévias do PSDB o candidato tucano ao governo do estado de São Paulo. Doria, que deve deixar a prefeitura até 7 de abril, a afirmou ainda que não traiu os eleitores ao aceitar a indicação do PSDB.
“Há circunstâncias que se impõem na vida que não estão no seu controle, vide a situação do casamento. Quer um voto mais celebrado que o do casamento, seja no civil ou no religioso, em que muitos se separam? Nem por isso você vai condenar alguém que se separou e estigmatizá-lo como um traidor ou traidora”, disse, em entrevista à rádio CBN.
O prefeito voltou a dizer que não vai abandonar a cidade. “Não estou abandonando São Paulo. Estarei em São Paulo. Todos os programas da prefeitura envolvem o governo do estado de São Paulo”, disse na entrevista.
Também ontem, em agenda na praça 14 Bis, em Santana (zona norte), Doria disse que ele e o vice-governador, Márcio França (PSB), estão em “campos opostos”. França assumirá o governo após a saída de Geraldo Alckmin (PSDB) para disputar a Presidência, e concorrerá à reeleição por seu partido, o PSB.
“Eu também respeito o vice-governador Márcio França, mas estamos em campos opostos, principalmente depois de ele receber o apoio explícito —e agradecer— do PDT do Ciro Gomes, do PC do B e também [pelo fato] de o seu próprio partido, o PSB, estar alinhado com o PT nas regiões Norte e Nordeste do país, e em outras regiões, defendendo o [ex-presidente] Lula ou os outros criminosos do PT”, disse Doria.
Questionado se isso não seria um problema para Alckmin, que terá um palanque duplo, o prefeito disse que, para ele, não seria. “Eu tenho campo e tenho opção. É muito clara a minha visão: eu não me alio a ninguém da esquerda, nem de esquerda nem da extrema direita”, disse Doria.