Bispo e padres são presos por desvio de R$ 1 mii em Goiás
Segundo investigação, a quantia foi usada para comprar uma fazenda de gado e uma casa lotérica
Formosa (GO) O bispo de Formosa (GO), José Ronaldo Ribeiro, o vigário-geral e outros quatro padres foram presos na manhã de ontem, suspeitos de desvio anual de R$ 1 milhão da diocese do interior de Goiás, aponta investigação do MP (Ministério Público) do Estado.
Parte do dinheiro foi usada, segundo a investigação, na compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica na cidade de Posse, também no interior de Goiás. As propriedades foram colocadas em nomes de laranjas.
Os investigados são suspeitos dos crimes de associação criminosa, apropriação indébita e falsidade ideológica. Policiais civis cumpriram 13 mandados de prisão e dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina.
Ao cumprirem um dos mandados de busca e apreensão, policiais civis encontraram uma grande quantidade de dinheiro em espécie escondida sob o fundo falso do guarda-roupa do monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, em sua casa na cidade de Planaltina (GO). Pereira, que está entre os presos, é vigário-geral de Formosa, cargo que corresponde ao segundo na hierarquia da diocese. Ao ser confrontado pelos agentes, o vigário-geral negou que o dinheiro pertencesse a ele. “Esse dinheiro não é meu, é da diocese.”
As notas estavam acondicionadas em plástico. Policiais também encontraram uma caixa aberta com cédulas e moedas. “Esse é o dinheiro da coleta”, afirmou o vigário-geral. A quantia apreendida não foi contabilizada pelos policiais até a conclusão desta edição.
A investigação foi iniciada em 2015 pelo MP-GO a pedido de 30 “leigos católicos apostólicos”, que denunciaram irregularidades e uso indevido de bens da Igreja Católica por parte da direção da Cúria Diocesana de Formosa.
“A região da diocese engloba 33 igrejas em 20 paróquias. Por ano, são arrecadados cerca de R$ 17 milhões por meio de dízimos, doações e faturamento de festas realizadas por fiéis, além de taxas aplicadas para cerimônias de batismo e casamento”, diz o promotor de Justiça Douglas Chegury, responsável pela investigação.