Suspeita de fraude derruba chefe da iluminação de Doria
Gravações mostram suposta preferência de diretora do Ilume por empresa que disputou licitação
A divulgação de gravações de conversas sobre a licitação bilionária da PPP (Parceria Público Privado) da iluminação pública na capital derrubou ontem a diretora do Ilume (Departamento de Iluminação Pública), Denise Abreu. O órgão faz parte da Prefeitura de São Paulo, sob a gestão João Doria (PSDB).
As conversas, reveladas pela rádio CBN e pela Record e obtidas pela reportagem, mostram uma suposta preferência da então diretora por uma das concorrentes, e posteriormente vencedora, a FM Rodrigues. O contrato, de R$ 6,9 bilhões por 20 anos, foi assinado no dia 8.
O áudios, gravados pela secretária de Denise, Cristina Chaud Carvalho, entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018, deixam transparecer até uma intimidade da diretora com Marcelo Rodrigues, um dos sócios da FM Rodrigues, que, após acirrada disputa judicial, saiu vencedora da licitação graças à desclassificação do consórcio adversário, o Walks. Nas conversas, Denise chega a usar a primeira pessoa do plural, “nós”, ao se referir à FM Rodrigues e se declara inimiga de Walter Torre, empresário que integra o Walks.
Em outra conversa, a diretora do Ilume diz à funcionária que vai lhe dar “seus três”. Na época, a FM Rodrigues acabava de ter um contrato emergencial assinado com a prefeitura. “Eu vou te dar os seus três. Mas a empresa [a FM Rodrigues] não tem mais contrato e eu não vou ter como apoiá-la daqui para frente com isso. É último mês. Simplesmente não tem como”, afirma Denise.
Ela diz que os secretários Marcos Penido (Obras), Julio Semeghini (Governo), receberiam propina da Eletropaulo, ao falar sobre uma vitória em uma disputa entre a prefeitura e a concessionária. “Os que ganham propina da Eletropaulo devem estar lá assim ‘Ai, meu Deus do céu, acabou minha propininha. O que eu faço agora?’ Penido, Julio Semeghini, todo mundo sabe que recebem propina da Eletropaulo”, diz.