Troca-troca nos partidos
Terminou uma farra de 30 dias na Câmara dos Deputados: o período em que os políticos podiam trocar de partido livremente.
Pelo menos 80 dos 513 membros da Casa aproveitaram a chance. Um deles, Cícero Almeida, de Alagoas, bateu um recorde ao se filiar ao PHS: está na quinta sigla desde 2015, quando começou o atual mandato.
É claro que esse troca-troca não tem nada a ver com o pensamento dos deputados nem com a orientação dos partidos.
Está todo mundo atrás, isso sim, de grana e votos nas eleições deste ano.
As legendas querem atrair candidatos com boas chances, que podem ajudar a formar uma bancada maior em 2019.
O tamanho da representação na Câmara é muito importante: ele define a verba pública e o tempo de TV do partido.
Já os deputados precisam de dinheiro para a campanha, ainda mais agora que as doações de empresas estão proibidas.
O Brasil é um dos países do mundo onde os políticos têm mais facilidades para criar siglas e mudar de uma para outra. Isso é um problema.
Primeiro, porque desorienta o eleitor. Segundo, porque torna mais difícil a tarefa de governar o país.
São mais de 20 partidos na Câmara, e a maioria está lá muito mais para barganhar votos do que para defender ideias.
Por isso, para aprovar qualquer projeto é preciso negociar (em geral por meio de cargos e dinheiro público) com um monte de gente.
É claro que esse modelo só interessa aos próprios políticos. Depois eles reclamam que a imagem está ruim.