Menos conversa fiada
Já virou piada no país o hábito dos políticos de prometer uma coisa na campanha e fazer outra quando chega ao poder.
Nem sempre isso é engraçado. Na última corrida ao Planalto, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se reelegeu dizendo que estava tudo bem e não seria necessário consertar a economia.
Quando a população percebeu que tinha sido enganada, começou uma crise que deu em recessão econômica e impeachment.
Outra mania conhecida dos candidatos é a enrolação: em vez de falar claramente o que pretendem fazer, ficam dando voltas no assunto, com medo de perder votos.
Tudo isso acontece há muito tempo e é muito difícil mudar. Mas pode ser que o país note alguma melhora neste ano.
Um motivo é que, embora a recessão tenha ficado para trás, a situação da economia e das contas do governo ainda é muito ruim. Vai ser difícil colar de novo a conversa de que não serão necessárias medidas duras.
Outra diferença é que agora há muito mais competição. Tirando Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não deverá concorrer, ninguém chega a 20% das intenções de voto no Datafolha.
São muitos na disputa, e todos precisam apresentar algo para conseguir algum destaque.
Nos últimos dias, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) andaram falando de suas propostas. Já começa a curiosidade sobre Joaquim Barbosa (PSB), que ainda nem resolveu se será candidato.
Os eleitores, claro, não vão gostar de tudo o que será dito na campanha. Mas é sempre melhor expor os problemas com clareza do que ficar dourando a pílula.