Há estrutura de corrupção na prefeitura, diz ex-controlador
Esquema favoreceria mais de 30 empresas e desviaria R$ 50 mi do Fumcad. Ele foi substituído por Covas
O ex-controlador geral da cidade de São Paulo, Guilherme Rodrigues Monteiro Mendes, resolveu expor os problemas de corrupção no município ao ser demitido pela gestão Bruno Covas (PSDB), decisão oficializada ontem no Diário Oficial.
Mendes disse que há desvio de aproximadamente R$ 50 milhões do Fumcad (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), envolvendo mais de 30 empresas. Disse também que existe um sistema de favorecimentos dentro da prefeitura e que pastas como Saúde e Educação estão na mira dos corruptos, por concentrar grandes recursos. As declarações foram dadas à rádio CBN.
Aliado do ex-prefeito João Doria, que deixou a prefeitura para disputar o governo estadual, Mendes foi substituído por Gustavo Ungaro, que ocupava a Ouvidoria Geral do Estado.
“Elas (empresas) não prestavam os serviços em suas totalidades ou da forma como eram pagas e ficavam com esse excedente. É possível que esse número chegue perto ou até supere R$ 50 milhões”, afirmou Mendes.
Em março de 2017, em evento no Teatro Municipal, Doria reuniu as principais lideranças bancárias do país para pedir doações ao Fumcad. O objetivo era financiar a construção de creches.
O ex-controlador contou que a corrupção é corriqueira. “Por exemplo, cobrar dinheiro de ambulantes... deixar de fazer notificações, fazer notificações e multas a menos”, afirmou.
No contexto de recursos envolvendo as secretarias de Saúde e Educação, disse o seguinte: “Têm recursos em abundância, são mais apetitosas para os apetites mais vorazes dos corruptos”, ressaltou Mendes.
“A cada escândalo, a cada denúncia, você percebe a ponta de um iceberg que vai aumentando de acordo com a profundidade que vai chegando”, afirmou o ex-controlador da prefeitura.