Agora

Mães e vítimas de violência se unem para dividir a dor

Mulheres com diferentes origens e causas se ajudam com apoio emocional e ida a delegacias

- (FSP)

Mara se comoveu com Rossana, que aprendeu com Neon, que admirou Zilda, que se identifico­u com Solange, que acompanhou Juliana na delegacia e se espelhou na força de Mara.

De mães da chacina de Osasco (Grande SP) às de estudantes secundaris­tas, de donas de casa religiosas a ativistas transexuai­s, mulheres que protagoniz­aram ou foram vítimas colaterais da violência formam um grupo de ajuda mútua que inclui de suporte emocional a idas a delegacias e advogados.

A ideia de ficarem juntas partiu de uma denúncia internacio­nal. Em 2016, as ONGS Criola e Geledés apresentar­am à OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) um dossiê que detalha violações a direitos de mulheres negras. O documento apontou que os homicídios de que elas são vítimas subiram 54% de 2002 a 2013, enquanto caíram 9% no caso das mulheres brancas.

Mostrou que as negras são as principais vítimas de mortalidad­e materna e ainda outro dado que parece não estar ligado a elas, mas está. Três em quatro mortes por homicídio no país levam a vida de jovens de 15 a 29 anos de idade. Por trás da estatístic­a, estão mães enlutadas, tanto brancas como negras, que têm se organizado em diversos coletivos de ajuda mútua pelo país.

A partir dessa constataçã­o, as entidades, com apoio da organizaçã­o Open Society, decidiram ajudar a reunir mulheres de diferentes origens e causas no projeto Enquanto Viver, Luto. “O princípio é que elas trabalhem entre elas e, em algum momento, não dependam de nossas organizaçõ­es para fazer o que precisam fazer”, diz Nilza Iraci, do Geledés. Solange Oliveira, que teve o filho morto em 2016

 ?? Fotos Bruno Santos/ Folhapress ?? Rossana Rodrigues, 49 anos, que teve um dos filhos, Douglas, 17 anos, morto por um policial militar; ela participa do projeto Enquanto Viver, Luto, criado pelas organizaçõ­es não governamen­tais Criola e Geledés
Fotos Bruno Santos/ Folhapress Rossana Rodrigues, 49 anos, que teve um dos filhos, Douglas, 17 anos, morto por um policial militar; ela participa do projeto Enquanto Viver, Luto, criado pelas organizaçõ­es não governamen­tais Criola e Geledés
 ?? Bruno Santos/ Folhapress ?? Juliana Salvador, cujo filho foi morto em uma tentativa de assalto; ela faz parte de grupo de mães
Bruno Santos/ Folhapress Juliana Salvador, cujo filho foi morto em uma tentativa de assalto; ela faz parte de grupo de mães
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Guarda Municipal de São Caetano do Sul/divulgação

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