Na zona leste, participantes formam corrente de ajuda mútua
A dor da mulher que perdeu o único filho é a de Zilda de Paula, mãe de Fernando, um dos 17 mortos na chacina de Osasco e Barueri (Grande SP), em 2015. Zilda é uma das integrantes do grupo. Recentemente, convidou todas para seu aniversário, lembra Solange Oliveira.
Sol, como é conhecida, também perdeu há quase dois anos um de seus três filhos. Ele foi morto por um policial ao participar de um roubo na saída de um banco.
Solange ficou em depressão por nove meses. Depois resolveu encontrar respostas. Descobriu quais são os laudos produzidos em crimes e como funcionam as investigações. Conseguiu um vídeo de uma câmera de segurança que gravou a morte do filho. Ela admite que ele estava armado, mas diz que foi morto quando já tinha se rendido.
A Justiça entendeu que o policial não deveria ser processado. Sol decidiu reunir outras mães da zona leste com histórias parecidas.
Juliana Salvador é uma delas. Seu filho, de 20 anos, também morreu por um tiro de policial, segundo o boletim, em uma tentativa de roubo. Um dia depois da morte, ela recebeu no celular um vídeo em que o jovem agonizava. Solange a ajudou a levar o caso para a Corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o policial responsável pelas imagens responde a procedimento disciplinar. A pasta afirma que “não compactua com desvios de conduta” de PMS.
Juliana não integra o projeto em parceria com as ONGS, mas participa do grupo da zona leste, que reúne mais de 20 mães. Elas se acompanham em idas a delegacias e ao Ministério Público e intervêm em briga de casamento.