Filme repetido
Brasil revive drama de 1986 e de 2002, torcendo para que Neymar seja mais Ronaldo do que Zico
Não é novidade para os brasileiros sofrer com a situação física de seu principal jogador às vésperas da Copa do Mundo. A torcida verdeamarela, que hoje acompanha atentamente os passos dados por Neymar em sua recuperação, já se viu em ce- nário semelhante nas edi- ções de 1986 e 2002 da competição. E com desfechos bastante diferentes.
Há 32 anos, o drama era com Zico. Em uma época na qual a medicina esportiva era outra, o camisa 10 do Flamengo sofria para se recuperar de uma entrada perversa aplicada por Márcio Nunes, defensor do Bangu, ainda em 1985.
O Galinho voltou a jogar, mas, sem a condição ideal, torceu o joelho esquerdo em duelo com o Fluminense. E acabou passando por pequena cirurgia, em outubro. Aí, começaram a expectativa e o acompanhamento diário da recuperação do craque.
Joelho frágil
Os baixos acabaram sendo mais intensos do que os altos. E a situação se comprometeu de vez no dia 4 de março, pouco menos de três meses antes da estreia do Brasil na Copa.
Finalmente liberado para treinar com os companheiros de seleção, em Belo Horizonte, durou apenas 17 minutos em campo. Quando tentou girar usando a perna esquerda como apoio, sentiu o frágil ligamento cruzado anterior se romper.
Embora não houvesse ainda o exame de ressonância magnética, ficou claro que uma cirurgia seria necessária. Mas o técnico Telê Santana pediu, e Zico foi à Copa do México sem ligamento, fortalecendo a coxa para estabilizar o joelho.
Suportou três jogos, com óbvias limitações, em todos saindo do banco de reservas. E ficou marcado por perder pênalti no empate com a França, na partida da eliminação, nas quartas de final.
Final feliz
Com Ronaldo, o choque inicial parece ter sido até maior. O mundo ouviu o estalo no joelho direito do craque, que voltava de lesão menos grave no mesmo local. Ele pedalou com a camisa da Inter de Milão, em Roma, e estourou o tendão patelar, o mais forte da região.
Ainda que faltassem mais de dois anos para o Mundial de 2002, o pessimismo era enorme. Mas o Fenômeno teve o empenho necessário na recuperação, a confiança do técnico Luiz Felipe Scolari e o talento para decidir o penta, com oito gols na Coreia do Sul e no Japão.
O problema de Neymar é bem menos sério, porém o atacante não dispõe do mesmo tempo. Ainda assim, o técnico Tite espera repetir com ele a alegria vivida por todo o Brasil há 16 anos. jogos gols Campeão