Venda de atletas turbina faturamento
O balanço financeiro do São Paulo em 2017 escancara a dependência que a agremiação tem da venda de jogadores. O time tricolor foi o que registrou maior variação de receita de 2016 para 2017 entre os quatro grandes times do estado.
No período, houve um crescimento de 23%. O lucro do Tricolor no ano passado foi de R$ 15 milhões. Apesar do resultado positivo, que inclui redução de 36% na dívida, os gastos com a folha de pessoal subiram 33%.
O valor engloba a contratação de novos jogadores, reajuste salarial de outros, além da profissionalização da diretoria do clube. Os gastos com as categorias de base caíram pelo terceiro ano seguido. De 2016 para 2017, a redução foi de 2%. Segundo o clube, trata-se de diferença irrisória. Nos dois anos, os mesmos 25 atletas foram formados na base.
A análise dos balanços dos grandes clubes paulistas feita pela empresa de consultoria BDO mostra que o São Paulo faturou R$ 189 milhões com as transferências. Um salto de 70% em relação ao ano de 2016, o que representa, de acordo com o relatório, a maior receita com transferência de atletas da história do futebol brasileiro.
Depender muito da comercialização de jogadores para fazer superávit, segundo Pedro Daniel, responsável pela área de esportes da BDO, expõe o clube a um risco maior, porque é sempre difícil prever quanto será obtido no ano seguinte com outras vendas. Em 2017, de tudo o que entrou nos cofres do time do Morumbi, 39% saíram da comercialização dos atletas, índice superior aos dos outros clubes do estado.
Em segundo lugar está o Santos, com 27%. Depois aparecem Corinthians (25%) e Palmeiras (7%).
No ano passado, o São Paulo quase caiu para a Série B no Brasileiro. A venda de 11 jogadores influenciou na falta de rendimento em campo. A principal (e mais lamentada) saída foi a do atacante David Neres, bem no começo daquela temporada, vendido ao AJAX-HOL por 15 milhões de euros (R$ 50,7 milhões) à época.
Em 2018, o clube pretende faturar R$ 100 milhões com atletas vendidos. Os zagueiros Rodrigo Caio e Éder Militão, e o meia-atacante Cueva, podem ser as peças a saírem após a Copa do Mundo.
Os planos do São Paulo são liquidar as dívidas com instituições financeiras, que geram uma despesa de R$ 20 milhões por ano com pagamento de juros, até dezembro de 2019.
Para isso, vai tentar buscar novos contratos de patrocínio e melhorar a renda, além das bilheterias obtidas com as partidas em seu estádio.
A diretoria defende a tese de que faz uma gestão responsável, pensando no futuro do clube. O trabalho de recuperação financeira iniciado em outubro de 2015 reduziu a dívida bancária pela metade.