O craque e o falastrão
O profissional que manda bem em sua área raramente fica se gabando de seus feitos. A prática do cabotinismo é geralmente um expediente lançado por aqueles que não se garantem pelo próprio trabalho. Precisam de muito mais marketing pessoal do que um bom currículo recheado. No mundo do futebol não me parece ser diferente. Tem muito jogador que, no gramado, deixa a desejar, mas sabe jogar para a galera. Ele manda muito melhor com a mídia na mão do que com a bola nos pés.
Foi essa leitura que fiz de dois jogadores do Corinthians no último Dérbi. Pedrinho é o craque, o profissional bom de bola. Romero é o falastrão, o cabotino. Em poucos jogos como profissional, Pedrinho já deu mostras de que é um legítimo profissional do ramo. Já para Romero, os adjetivos não são ligados à técnica do futebol, e, sim, para sua força de vontade e disposição em campo.
Pedrinho, com um jogo de corpo, driblou dois jogadores adversários e construiu a jogada do gol corintiano. Ainda meteu um chapéu e finalizou com estilo duas vezes contra a meta palmeirense. Romero, quando se aproximava o apagar das luzes, ensaiou uma embaixadinha com a cabeça. Não só mostrou desrespeito aos outros profissionais, como se prestou ao papel de ridículo de dizer na entrevista na saída do campo, que com aquele lance, ele mostrava aos seus detratores que possuía habilidade no trato com a bola.
A verdade é que Romero não tem futebol para fazer jogadas como as de Pedrinho. Então, joga para a galera. Suas firulas tomaram conta das redes sociais desde o domingo à noite, mas quem ganhou o jogo foram os dribles e habilidades de Pedrinho. Isso sim, é futebol!