Ex-técnico diz ter sido acusado por vingança
Fernando Carvalho Lopes se defendeu ontem da acusação de assédio sexual feita por ex-alunos
O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica, Fernando de Carvalho Lopes, acusado de abuso sexual, afirmou ontem que os atletas e ex-atletas que o denunciaram o fizeram por vingança.
“Com relação a muitos que me acusam, são os mesmos que bateram na minha porta pedindo para voltar a treinar comigo”, disse ele em depoimento na CPI dos Maus Tratos, no Senado Federal.
“Acredito sim que a coisa vai num caminho de indução e de vingança.” Ele falou ainda que disputas internas entre técnicos seriam um dos motivos das acusações.
No dia 29 de abril, uma reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, deu voz às acusações de mais de 40 atletas e ex-atletas que afirmaram terem sido vítimas de Lopes, afastado da seleção brasileira de ginástica em 2016.
As revelações feitas pelos entrevistados convergem em um ponto: além de conversas de teor sexual, também alegam que o técnico teria tocado em partes íntimas deles.
Depois da reportagem, ele foi afastado do Clube de Campo Mesc, em São Bernardo, onde trabalhava.
O treinador nega acusações de abuso sexual. “[Dizer] que eu sou uma pessoa rigorosa, eu sou uma pessoa brava, que eu falava palavrão é uma coisa, mas assédio sexual é outra coisa.”
Lopes afirmou que as acusações se deram porque ele era um técnico “de rendimento” e diz que as crianças às vezes “treinavam chorando” por causa das cobranças.
“Eu fui um treinador que trabalhei com rendimento. É impossível você agradar a todo mundo. Com certeza eu causei muito mais descontentamento que satisfações. Só que eu nunca fui um técnico manso, pelo contrário, muitas vezes rígido. As crianças treinavam muitas vezes chorando porque tinham que cumprir suas tarefas.”
O treinador negou que tenha dormido na mesma cama de atletas e disse que nunca trabalhou isoladamente com alunos.
“No ginásio em que eu trabalhei haviam pais nas arquibancadas, outros treinadores e outros ginastas”, finalizou Lopes.
O senador Magno Malta (PR-ES), presidente do colegiado, pediu a quebra dos sigilos telefônico, bancário e telemático (aparelhos tecnológicos) do técnico.