Delação da JBS, um ano depois
Em maio do ano passado, parecia que o presidente Michel Temer (MDB) estava com os dias contados no cargo.
Foi quando veio à tona a delação da JBS, que tinha como principal revelação uma conversa vergonhosa entre Temer e o empresário Joesley Batista, já investigado pela Polícia Federal na época.
Com muito esforço e barganha política, o presidente conseguiu se segurar na cadeira. Mas a verdade é que ninguém saiu ganhando de fato nessa história.
No diálogo gravado pelo empresário, o emedebista indicava o então assessor Rodrigo Rocha Loures para tratar de assuntos de interesse da JBS no governo.
Antes, esse papel cabia ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Como todo mundo ficou sabendo, poucos dias depois Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil de um cupincha de Joesley Batista.
Quanto a Geddel, em setembro a polícia encontrou as digitais dele num apartamento onde estavam R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
O ex-ministro hoje está em prisão preventiva, mas os mais importantes implicados na delação até agora conseguiram escapar de punições.
Temer manobrou na Câmara dos Deputados para barrar as denúncias apresentadas pela Procuradoria-geral da República.
O tucano Aécio Neves, que aparecia numa gravação pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, conseguiu se manter no Senado. Há pouco tempo, virou réu no Supremo Tribunal Federal.
Os dois ficaram desmoralizados, deixando o governo muito mais fraco. Mas eles se agarram ao poder de todo jeito.