Agora

Museus do grafite criados por Doria sofrem com abandono

Grafitódro­mos estão cobertos com mato e lixo, e pinturas foram pichadas e estão com tinta descascand­o

- (FSP)

Menos de um ano depois de o então prefeito João Doria pintar um coração no muro do primeiro Museu de Arte de Rua de São Paulo, muitos desses murais de grafite, promovidos pela prefeitura, sofrem com abandono.

A reportagem percorreu os oito “grafitódro­mos” da primeira etapa do projeto e encontrou capim alto cobrindo parte dos murais, lixo acumulado e pichações sobre as pinturas originais. Há casos em que a tinta descascou ou saiu completame­nte.

Os Museus de Arte de Rua (MAR) foram lançados após a gestão Doria apagar os grafites da av. 23 de Maio e se envolver em uma polêmica com artistas de rua. O tucano renunciou ao cargo após 15 meses para disputar o governo e deixou Bruno Covas (PSDB) em seu lugar.

Para a primeira etapa, a prefeitura investiu R$ 200 mil e selecionou oito projetos. As tintas foram doadas pela Colorgin, que teve sua logo pintada nos murais.

O primeiro MAR, feito na Rua Moacyr Vaz de Andrade em 28 de maio de 2017, no Tucuruvi (zona norte), é um dos afetados. O mato do terreno cobriu parte dos murais e há lixo na calçada. O segurança Antônio dos Santos, 42, mora diante dos grafites. “Depois da inauguraçã­o não veio mais ninguém”.

No lançamento do projeto, Doria afirmou que os murais seriam atrações turísticas, como ocorre em Miami, que atrai mais de 1 milhão de visitantes por ano no bairro de Wynwood. “Aqui nunca veio turista. Na verdade eu achei que iam voltar para terminar a pintura, fizeram o serviço pela metade”, diz o comerciant­e Fábio Tidei, 33, que mora e trabalha ao lado de um dos MARS, realizado no Centro de Educação Infantil Jardim Veronia (zona leste).

Procurados, alguns grafiteiro­s do MAR não quiseram se manifestar. Há casos em que eles não desejam ser associados ao projeto. Relatos também dizem que as tintas doadas não eram de boa qualidade. Para Anderson Hope, 43, artista do MAR da Cidade Tiradentes, o projeto foi “um sonho realizado”. “Pintei um prédio sozinho. Isso me abriu portas”.

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Reinaldo Canato /Folhapress Muro do Centro de Educação Infantil Jardim Veronia (zona leste de São Paulo), que abriga um dos MARS (Museu de Arte de Rua), acumula lixo; grafites originais estão descascand­o ou foram cobertos com pichações

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