PSDB tenta obrigar declaração de apoio a Doria e Alckmin
Proposta da direção do partido em São Paulo, que previa expulsão de infiel, acabou rejeitada
Em mais um sinal das dificuldades internas pelas quais passa o PSDB, o diretório paulista do partido discutiu obrigar seus filiados a declararem apoio formal a João Doria para governador e a Geraldo Alckmin para presidente, sob pena de expulsão por infidelidade.
A medida foi proposta pelo presidente estadual da sigla, Pedro Tobias, mas acabou rejeitada após discussão em que ficou evidente que ela se tornaria uma prova pública da briga interna do PSDB.
No alvo da iniciativa estavam prefeitos, deputados e secretários estaduais que têm feito jogo duplo na corrida estadual, mantendo relações próximas com o sucessor de Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, o ex-vice Márcio França (PSB).
O governador é candidato à reeleição e tem executado uma agenda intensa de aproximação e cooptação de aliados de Alckmin —que, para irritação da equipe do ex-prefeito Doria, aceita o duplo palanque no estado.
No campo federal, a medida foi vista como uma tentativa pública de enquadramento de deputados estaduais e federais do partido que têm mostrando crescente insegurança com a fraca posição de Alckmin nas pesquisas eleitorais, entre 5% e 8% a depender do instituto.
Eles já falam, em reserva, que talvez o PSDB tenha de trocar de candidato. O nome de Doria para a missão é o mais citado na Assembleia Legislativa e entre correntes federais do partido, o que acendeu o sinal de alerta na equipe de Alckmin.
Doria, por sua vez, tem mantido silêncio público e privado sobre o assunto.
Tobias, que não respondeu aos pedidos para comentar o caso, fez a proposta draconiana na reunião do Diretório Estadual, ocorrida na segunda-feira passada.
Apresentou um modelo de notificação extrajudicial ao qual seriam anexadas reportagens relatando supostas infidelidades tucanas.
O acusado teria então cinco dias para responder à acusação e fazer uma retratação pública.