Serviço de inteligência do governo falhou em prever impacto da greve
O serviço de inteligência do governo subestimou o potencial da greve de caminhoneiros iniciada há uma semana e não previu o risco de um caos de desabastecimento no país.
O presidente Michel Temer e assessores ignoraram alertas anteriores da categoria, demoraram a abrir negociação e, por fim, selaram um acordo cientes de que poderia não ser cumprido.
No dois primeiros dias de greve, Temer não mexeu na agenda. Até quarta, a preocupação do governo era a escalada dos preços dos combustíveis. Naquele momento, a área de inteligência, sob o comando do general Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), não previu que a greve poderia parar o país.
Serviços públicos essenciais, como unidades de saúde, resgate, transporte de passageiros e policiamento, não haviam sido alertados a tempo pelo Planalto sobre o risco real da greve e, assim, não deram início a nenhum plano especial de emergência antes que a gasolina nos postos começasse a acabar.
Somente no quarto dia, quinta-feira, o governo adotou o discurso da prática de “locaute”, a ação de empresários por trás da greve. Naquele dia, líderes de entidades representativas preveniram o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) de que não tinham poder de comando sobre todos os grevistas. Padilha insistiu em um acordo, que saiu, mas não foi cumprido pela grande maioria dos manifestantes.